BARCAROLA LUSA
O amor que tenho por ela,
Às vezes, é chama de vela
Entre lágrima e luz
me queima e seduz!
O amor que tenho por ela,
Tem arroubos de procela!
Tudo pode e arrasta violento,
Mas que passa como o vento!
na sua grandeza íntima
tem vibração marítima!
Nem há estrela mais bela,
que o brilho do olhar dela!
“Onde a terra se acaba e o mar começa”.
Essa é a tal terra marítima portuguesa!
Meça a distância entre a fé e a esperança,
O céu e o mar, e terás, com toda certeza,
A medida da coragem que tudo alcança!
Como se pega com a mão uma estrela?
Navegando sempre adiante, adiante, ao vê-la...
Essa gente que quis o mundo pequeno,
Sonhou e sofreu, queria o oceano e foi
Deixando tudo, terras, castelo e boi!
Tudo que faz o homem senhor pleno
Do mundo que o rodeia calmo seguro
Em demanda das incertezas do futuro!
Como sói acontecer com as idéias
e heróis, anelando mais Odisséias!
Mas nunca se premeditou que seria cada
Grande conquista gloriosa ou mesquinha,
Na base extrema do sermão ou da espada,
Uma parte recôndita que ante não tinha
Da sua índole passional melancólica,
A tendência banza elegíaca alcoólica
A saudade quase morbidez!
A sua grandeza lírica, talvez...
CABRAL
No amplo espelho azul da paisagem,
Venta luz violeta sobre o crespo mar!
A imensidade logo causa vassalagem!
E humilde satisfeito o almirante tenta,
fumando seu velho cachimbo na proa,
Aproximar o que sente do que pensa.
O que é real na sua opinião e crença?
A sua grande experiência má ou boa?
O que olha o que lembra o que sabe...
Em tão pouco cabe, que é inevitável,
Eleve a sua reflexão ao azul celeste.
Tantos mares navegados, pois há de
Saber: na sua longevidade venerável
Solidão e saudade: o premio é este?
CONTEÚDO
Poema de Cecília Novais*
Texto que não dispõe de lacunas
Parece deserto ausente de dunas,
Sem ondas e vazios, discrepâncias
De sombras sob intenso sol praiano!
Ou rosas no monturo, fragrâncias
Irônicas, paradoxo, o lado plano
Do que é sinuoso na serpente ...
Que rio não tem águas turvas?
E abruptas inesperadas curvas?
O mistério sempre seduz,
Porque é transcendente
Horizonte de sombra e luz!
DOR ATÁVICA
“É triste não ser branco.”
Ter tudo e não ter nada!
A imagem execrada.
Quanto da cor insiste retinta:
Negro congo, negro banto!
Absinta amargura,
A pele escura condena
Distinta de tudo!
Azeviche plena
De desventura!
Mudo olhar de censura
É suficiente
Impertinente,
Ninguém o atura
Indiferente...
Tem qualquer coisa
De tortura
Realmente!
“É triste não ser branco.”
Ter tudo e não ter nada!
A imagem execrada.
Quanto da cor insiste retinta:
Negro congo, negro banto!
Absinta amargura,
A pele escura condena
Distinta de tudo!
Azeviche plena
De desventura!
Mudo olhar de censura
É suficiente
Impertinente,
Ninguém o atura
Indiferente...
Tem qualquer coisa
De tortura
Realmente!
CONDIÇÃO
O exílio da pele,
ilha nigeriana
na sociedade branca.
Na risada franca,
a alvura da alma
por detrás desse
trauma.
O exílio da pele,
ilha nigeriana
na sociedade branca.
Na risada franca,
a alvura da alma
por detrás desse
trauma.
PREÂMBULO
Zumbi na serra
abre guerra
até a morte
contra a sorte perversa
e a condição adversa!
Rei dos Palmares!
E herói dos mártires...
Derrotado, traído,
mas nunca esquecido!
Hoje, redivivo
ou renascido,
não, Exu-Zumbi
em terreiro
guerreiro temido!
Mas, na favela,
quilombo maldito!
Teu espírito
erra
na miséria mesquinha,
antes, a guerra
outro sentido tinha...
Agora, a luta é pela
sobrevivência social!
Zumbi na serra
abre guerra
até a morte
contra a sorte perversa
e a condição adversa!
Rei dos Palmares!
E herói dos mártires...
Derrotado, traído,
mas nunca esquecido!
Hoje, redivivo
ou renascido,
não, Exu-Zumbi
em terreiro
guerreiro temido!
Mas, na favela,
quilombo maldito!
Teu espírito
erra
na miséria mesquinha,
antes, a guerra
outro sentido tinha...
Agora, a luta é pela
sobrevivência social!
REFERÊNCIA
Eu não aceito
O espelho
Do preconceito!
Reflito
Só o que sou
Em espírito!
O espelho
Do preconceito!
Reflito
Só o que sou
Em espírito!
Nenhum comentário:
Postar um comentário