quinta-feira, 27 de junho de 2013

Aprenda sobre sexualidade - Conceitos importantes


I Want To Know What It's Like - Quero Saber como é...


Programação do Seminário "A Cor da Cultura"

quinta-feira, 27 de junho de 2013

A Cor da Cultura 2ª Fase

PROJETO




Vem aí a sua II fase!

A Cor da Cultura é um projeto educativo de valorização do patrimônio cultural afro-brasileiro, em apoio a implementação da Lei 10.639 no Brasil.
Realizaremos, nos dias 02 e 03 de julho,  a 2ª fase do Projeto que será em forma de seminário (dia 02/07, no auditório do CIL 01- 908 sul) e minicursos/oficinas (dia 03/07, nas salas 73, 93, 94, 95, 96 e 98 da EAPE).
As inscrições se encontram abertas para todos os interessados da Rede, sendo 125 vagas para o turno matutino e 125 para o vespertino.

Participe!

Para fazer sua inscrição, acesse o link:


quarta-feira, 26 de junho de 2013





 Divulgação do lançamento do livro Adolescência uso e abuso de drogas: uma visão integrativa ,  acontecerá nesta quinta-feira (27/06) às 8h no Auditório Dois Candangos/FE/UnB. Esperamos você!



segunda-feira, 24 de junho de 2013

1º Seminário Regional de Gênero e Sexualidade da CRE Recanto das Emas


A Coordenação Intermediária de Direitos

Humanos e Diversidade da GREB/CRE

Recanto das Emas, em parceria com a

Coordenação de Diversidade da SUBEB,

promove o Iº Seminário Regional de Gênero e Sexualidade com o objetivo de oportunizar

espaços de discussões e reflexões relativas às questões de gênero e sexualidade nas práticas escolares na Educação Básica, pensadas como construções culturais, sociais e políticas.

Pretende-se também promover debates sobre como se produzem as identidades e diferenças sexuais e de gênero dos sujeitos envolvidos nas relações escolares, enfatizando-se igualmente suas intersecções com questões de classe,

raciais e geracionais. Os gêneros e a

sexualidade se fazem e se refazem,

continuamente, ao longo da existência. A

escola, enquanto espaço de práticas sociais e pedagógicas constituidoras de mecanismos que criam e recriam formas diversas de relações de poder, precisa debater sobre as implicações das relações de gênero e sexualidade nas práticas de inclusão/exclusão de seus/suas aluno(a)s, tanto nos processos de ensino-aprendizagem, como nos de acesso às condições de

possibilidade a todas outras formas de

promoção social. Acreditamos que é urgente a necessidade de estudos e reflexões sobre esses temas,

sobretudo calcados no princípio de que os

corpos são continuamente produzidos,

significados e ressignificados na e pela cultura, e que a escola se constitui como uma dimensão importante dessas produções.

 

domingo, 23 de junho de 2013

Está na capa



Por: Ciência Hoje
21/06/2013
Pesquisa usa computação de alta performance para analisar elementos visuais de publicação brasileira. Autor do trabalho criou algoritmos quantitativos e qualitativos para mostrar como o veículo trata de temas como gênero e etnia.

Um estudo com capas da revista Veja sugere vieses de gênero e etnia adotados pela publicação. O trabalho, que poderia levar anos para revelar os dados obtidos, contou com o auxílio fundamental da computação.

O objetivo era justamente mostrar como a produção e aplicação de algoritmos ‘culturais’, que permitem a distinção de faces, gêneros, entre outros elementos visuais, podem auxiliar as ciências sociais, em uma parceria que já ganhou status de novo campo de pesquisa, batizado de humanidades digitais.

“Seguimos a proposta teórica de Lev Manovich, professor da City University of New York, de analisar fatores culturais através do processamento de dados em larga escala para tratar de temas que levariam talvez décadas para serem obtidos, normalmente em extensas pesquisas em bibliotecas ou mesmo acervos”, explica o cientista da computação Márcio Emílio dos Santos, autor da pesquisa.

O trabalho foi realizado durante seu mestrado em comunicação, na Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), sob orientação do comunicólogo Cícero Inácio da Silva, coordenador do Laboratório de Estudos do Software da instituição. Para o projeto, Santos analisou 2.200 capas da revista Veja, publicadas entre 1968 – ano de fundação do veículo – e 2012, quando a pesquisa foi finalizada.

“Além de dados quantitativos, criamos alguns algoritmos ‘qualitativos’ com o intuito de provocar uma discussão sobre como a revista com maior circulação nacional vem tratando, mesmo que inconscientemente, de alguns temas em suas capas”, explica o pesquisador.

Entre os resultados, o estudo mostra que 12% das capas da Veja apresentam mulheres como tema principal, sendo que hoje elas são 51% da população. Outros dados apontam que mulheres negras representam 0,33% do total das capas, apesar de o último censo do IBGE (2010) demonstrar que metade da população feminina é negra ou parda. Ainda, a mulher negra é apresentada em apenas três tipos de temas nas capas: guerra (refugiados), carnaval e política.

Quanto ao gênero masculino, o estudo mostra que os homens negros aparecem em uma porcentagem um pouco maior que as mulheres – em 2% das capas totais de Veja. Das temáticas em que essa parcela da população aparece nas capas, três se destacam: esporte, crime e política.

Análise de temas e cores

Para analisar as capas da revista, o pesquisador construiu uma tabela de informações para catalogar o material, com espaço para registrar a data e o número da edição, a principal manchete de capa e os personagens presentes. “Na construção dos mapas visuais, é possível caracterizar cada imagem individualmente”, acrescenta Santos.

O pesquisador utilizou dois softwares para a análise, o ImageJ e o ImagePlot. O primeiro utiliza algoritmos matemáticos para ler padrões gráficos formados por arquivos de imagens digitais. A partir dos resultados, apresentados em planilhas, o programa monta visualizações segundo os critérios definidos pelo pesquisador.

O programa gera uma visualização de todos os componentes em uma única imagem, o que oferece uma perspectiva de contextualização extremamente inovadora e importante para pesquisas na área
O segundo software permite, por sua vez, que imagens – sejam de filmes, revistas digitais ou impressas – sejam comparadas e analisadas quadro a quadro em busca de padrões ou particularidades que tragam novos significados sobre essas obras. “Depois de definido o tipo de análise, o programa gera uma visualização de todos os componentes em uma única imagem”, explica o pesquisador. “Isso oferece uma perspectiva de contextualização extremamente inovadora e importante para as pesquisas na área.”

Com o auxílio desses programas, Santos observou padrões visuais bem definidos que se mantiveram ao longo de toda a história da Veja, como o uso recorrente de certas cores e formas geométricas. “Nos mapas de visualização percebe-se o agrupamento das revistas em formas geométricas bem delimitadas como um triângulo, ou em faixas de padrões cromáticos – branco, vermelho, azul e preto –, o que permite ver as poucas revistas que não se encaixam nesses padrões”, explica.


Visualização de grandes imagens
Atualmente, Santos é pesquisador parceiro do Medialab, laboratório experimental da Universidade Federal do Rio de Janeiro, e do laboratório de estudos sobre imagens e cibercultura da Universidade Federal do Espírito Santo.
“Estamos aproveitando o interesse pelo projeto de visualização de dados para o desenvolvimento e a formação de equipes nessa área”, diz o pesquisador, que vem explorando recursos computacionais como os videowalls, painéis usados para a visualização de grandes imagens.

Em novembro de 2012, no fim do mestrado, ele construiu um videowall – também chamado hyperwall – no Laboratório dos Estudos do Software da UFJF com a visualização de sua pesquisa. Foram criadas imagens de 250 megapixels com todas as capas selecionadas para o estudo.

De acordo com Santos, a visualização de dados está avançando no Brasil, com fortes parcerias nessa área entre universidades e o desenvolvimento de projetos para a promoção desse tipo de pesquisa. “É uma grande iniciativa que irá libertar a visualização das informações do formato de tela única de baixa densidade informacional”, completa.

Ciência Hoje

quinta-feira, 20 de junho de 2013

APARTHEID SOCIAL

 

18/06/2013 20h45

A segregação racial vivenciada pelos negros brasileiros coloca em cheque o Estado Democrático de Direito amplamente alardeado no país. Em 2010, 97 milhões de pessoas se declararam negras ou pardas, no entanto, os negros apesar de serem maioria da população continuam ausentes do Congresso Nacional, do alto escalão nos cargos públicos, dos clubes privados, nos teatros da elite, nos restaurantes luxuosos, enfim dos espaços que permitem visibilidade e poder.
O Estado de Direito pressupõe que somos todos iguais perante a lei, já o Estado Democrático versa sobre a soberania, a cidadania, a dignidade da pessoa humana, os valores sociais do trabalho, da livre iniciativa e o pluralismo político, todos conferindo participação da sociedade no trato da coisa pública.
Nesse aspecto, o racismo ultrapassa a visão jurídica da lesão ao princípio de igualdade para fundamentar-se num processo histórico formulado por teorias e comportamentos específicos de supremacia de uma raça. Guimarães (2004) compreende o racismo como o tratamento desigual de pessoas nas mais variadas situações sociais, baseado na idéia de superioridade, e consequentemente também de inferioridade racial.
Enquanto em outros países foram adotadas estratégias jurídicas que garantiam a discriminação dentro da legalidade, por meio de políticas oficiais do apartheid, no Brasil a lei garantia iguais direitos para absolutamente todos e todas, mas como silêncio não é sinônimo de inexistência, o racismo no Brasil se instalou primeiro cientificamente depois pela ordem do costume (Schwarcz, 2012).
Observa-se que esse processo histórico vivenciado no Brasil tem superado as leis que foram sancionadas com a finalidade primeiro de punir, depois de criminalizar o racismo. Em que pese a necessidade e o avanço dessas leis no país, o fato é, que elas tem sido insuficientes frente ao racismo velado dos brasileiros que discriminam afirmando não discriminar.
A declaração da mestre em lingüística e professora de inglês Cris Oliveira publicada no Geledés Instituto da Mulher Negra, dia 2 de junho de 2013, ratifica a assertiva. Após discorrer sobre sua experiência racial na Alemanha onde reside disse a professora: “Me choca o fato de que em Salvador, cidade onde eu nasci, apesar de mais de cinqüenta por cento da população ser negra, ainda é possível ser a única negra no restaurante, na aula de ballet, na sala de espera de um consultório chique, na sala de professores particular”.
Nesse aspecto, a professora continua expondo a naturalidade com que sociedade brasileira observa essa realidade, nenhum estranhamento desses lugares historicamente demarcados. Ninguém pergunta porque em determinadas escolas de classe média e classe média alta não há um aluno negro, apesar da população negra compreender 97 milhões de pessoas.
Não há comentários em jornais ou revistas sobre o alto índice de violência em desfavor dos jovens negros, pois em 2010, o índice de mortes violentas de jovens negros, foi de 72, para cada 100 mil habitantes, enquanto os de jovens brancos foi de 28,3, por 100 mil habitantes. Os dados fazem parte do “Mapa da violência 2012: A cor dos Homicídios no Brasil” divulgado pelo Centro Brasileiro de Estudos Latino Americanos – (CEBELA), Faculdade Latino Americana de Ciências Sociais - (FLACSO) e a Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial – SEPPIR/PR.
Assim, como paira absoluto silêncio sobre 50% da população negra ter uma renda inferior a dois salários mínimos, bem como até o final da década do século XX, e mesmo entrando no século XXI, só 15% da população negra ter acesso à universidade, ou mesmo da indigência ser negra.
Nesse sentido as cotas nas Universidades Públicas são uma forma de incorporar os negros, ajudando-os a ter um lugar de visibilidade na sociedade, no entanto, até o presente momento ainda não impactou significativamente as desigualdades raciais. Assunto polêmico, as ações afirmativas estão longe de ser consenso dentro do governo e na sociedade como um todo.
Sem conhecer de fato as questões étnicorraciais que permeiam o país, alguns autores afirmam que as cotas são uma forma de ratificar o racismo biológico. Assim, faz-se necessário uma conscientização da população negra no sentido de recusar o papel de invisibilidade colocada para os negros..
É necessário ainda, reivindicar a ocupação de outros espaços que não só as universidades, por exemplo, o Congresso Nacional. Atualmente, somente 8,9% da Câmara dos Deputados é ocupada por negros e no Senado Federal apenas um Senador se declara negro, ou seja, definitivamente não presenciamos um Estado Democrático de Direito.
Não existem vitórias sem lutas. Neste exato momento o Brasil todo manifesta contra as políticas adotadas pelo Governo priorizando construir estádios para sediar a Copa do Mundo ao invés de investir em saúde, educação e transporte de qualidade para a população.
Assim, são as pautas que envolvem as questões étnicorraciais, enquanto a população negra não acordar para reinvidicar equidade nas relações de trabalho, acesso as Universidades Públicas, saúde, educação de qualidade, enfim... não existem espaços vazios, assim enquanto os negros não assumirem os espaços deste país que ajudaram a construir, este mesmos espaços estarão sendo ocupados pelo racismo velado que campeia no Brasil.
por Marcia Maria da Silva, Psicóloga e Servidora Pública para O MIRACULOSO

quarta-feira, 19 de junho de 2013

Comissão presidida por Feliciano aprova projeto da 'cura gay'

 

Texto que permite a psicólogos proporem o "tratamento a pacientes" homossexuais ainda passará por mais duas comissões antes de ir ao plenário da Câmara dos Deputados
por Redação RBA publicado 18/06/2013 16:21, última modificação 18/06/2013 17:09
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Texto que permite a psicólogos proporem o "tratamento a pacientes" homossexuais ainda passará por mais duas comissões antes de ir ao plenário da Câmara dos Deputados
Alexandra Martins/Agência Câmara
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Agora o texto será analisado pelas comissões de Seguridade Social e Família e de Constituição de Justiça
São Paulo - A Comissão de Direitos Humanos e Minorias (CDHM) da Câmara, dominada por parlamentares de orientação religiosa e conservadora desde de a eleição do deputado Marco Feliciano (PSC-SP) para sua presidência, aprovou hoje (18) projeto que legitima a tese da homossexualidade como doença e libera a prática da “cura gay” entre psicólogos.
O projeto suspende artigos de Resolução 1/99 do Conselho Federal de Psicologia para permitir que estes profissionais possam propor “tratamento a pacientes” homossexuais.
A tese é fortemente criticada não só por movimentos e militantes LGBT, mas também entre profissionais de psicologia.
A aprovação na CDHM não tem caráter determinante para o futuro do projeto. Seu peso maior é simbólico, sobretudo por ser um colegiado historicamente progressista, na defesa de homossexuais, negros, mulheres etc., mas que hoje se encontra sob domínio de grupos de direita e de forte cunho evangélico.
O texto agora será analisado pelas comissões de Seguridade Social e Família e de Constituição e Justiça e de Cidadania, cujos pareceres terão muito mais peso do que o da CDHM. Depois irá a plenário.
Com informações da Agência Câmara

Após críticas, "Amor à Vida" contrata atriz negra


Por: Bonde
14/06/2013
Grupos na internet se diziam discriminados pela ausência de personagens negros na novela

Ana Carbatti entrará nas próximas semanas para viver uma médica, papel que não existia na sinopse original. Em 2002, ela interpretou Eneida, na novela "Coração de Estudante". Seu trabalho mais recente foi em "Lado a Lado (2013)", na pele de Zenaide.

No início desta semana, internautas começaram a se mobilizar contra a novela, criando campanhas nas quais acusavam a novela de racismo. Eles se diziam discriminados porque há gays na novela, e até então, nenhum negro. (Com informações do F5).

Bonde

quinta-feira, 13 de junho de 2013

Exclusão, segregação, integração e INCLUSÃO!!!


Pastor metodista escreve artigo sobre os 125 anos da abolição da escravatura

 
13 de Maio - O que vamos fazer com essa tal liberdade, se estamos na periferia e continuamos a sofrer?
escravidao
“Porventura não é este o jejum que escolhi, que soltes as ligaduras da impiedade, que desfaças as ataduras do jugo e que deixes livres os oprimidos, e despedaces todo o jugo? Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque eles serão fartos;”. 
Isaías 58.6 e Mateus 5:6
É 13 de Maio, data que assinala 125 anos da abolição da escravatura negra no Brasil. Assinala a abolição da escravidão e a instalação da desigualdade social. Pois, a partir de 13 de Maio, com base nas linhas abaixo 370 anos de escravidão tinha fim:
Declara extinta a escravidão no Brasil:
A Princesa Imperial Regente, em nome de Sua Majestade o Imperador, o Senhor D. Pedro II, faz saber a todos os súditos do Império que a Assembleia Geral decretou e ela sancionou a lei seguinte:
Art. 1.º: É declarada extinta desde a data desta lei a escravidão no Brasil.
Art. 2.º: Revogam-se as disposições em contrário.
Manda, portanto, a todas as autoridades, a quem o conhecimento e execução da referida Lei pertencer, que a cumpram, e façam cumprir e guardar tão inteiramente como nela se contém.
O secretário de Estado dos Negócios da Agricultura, Comércio e Obras Públicas e interino dos Negócios Estrangeiros, Bacharel Rodrigo Augusto da Silva, do Conselho de Sua Majestade o Imperador, o faça imprimir, publicar e correr.
Dada no Palácio do Rio de Janeiro, em 13 de maio de 1888, 67.º da Independência e do Império.
Princesa Imperial Regente.
Rodrigo Augusto da Silva
Carta de lei, pela qual Vossa Alteza Imperial manda executar o Decreto da Assembleia Geral, que houve por bem sancionar, declarando extinta a escravidão no Brasil, como nela se declara. Para Vossa Alteza Imperial ver. Chancelaria-mor do Império - Antônio Ferreira Viana.
Transitou em 13 de maio de 1888.- José Júlio de Albuquerque
Livres, mas e agora? O que será o amanhã? Qual o futuro deste povo que durante quase quatro séculos se constitui nas mãos e pés do Brasil? País que, sob a pressão da Inglaterra foi o ultimo a abolir o uso da mão de obra escrava e buscando fugir de seu passado abre as portas para os imigrantes europeus.
A liberdade concedida ao povo negro, assinalada a 13 de Maio foi bem descrita por Wilmore e Cone, no livro Teologia Negra:
 “Livres para a fome, livres para o inverno e para as chuvas do céu... Livres sem um teto para os cobrir, sem pão para comer, sem terra para cultivar... Nós lhe demos liberdade e fome ao mesmo tempo” (Wilmore e Cone, 1986, p. 42).”
A luta continua, pois 13 de Maio não cheira liberdade, mas caracteriza o coroar da maior injustiça cometida contra pessoas humanas. Pessoas que foram desumanizadas, coisificadas, bestializadas, exploradas e após a assinatura da Lei Áurea, abandonados a própria sorte, a qual o estado esperava que fosse a morte. Liberdade negra só será liberdade, quando houver igualdade e justiça.
O que vamos fazer com essa tal liberdade, se da senzala saímos para a periferia da vida e continuamos a sofrer?
A saída é lutar por igualdade, justiça, reparação e inserção social, partilha do poder. A liberdade plena do povo negro é um mito tanto quanto o da democracia racial defendido por Gilberto Freire no clássico “Casa Grande & Senzala”. O futuro do Brasil passa pelo futuro do povo negro, assim como, seu passado ao povo negro está atrelado. Retire os 370 anos de escravidão da história brasileira e nada sobra. A saída não é negar ou apagar o passado. A saída é repará-lo, aprender com ele. O Brasil só terá plena paz social quando tal paz não for um privilegio utópico de uma minoria branca e abastada. Digo utópico, pois em uma sociedade na qual em 100, setenta não possui nada, os 30 que possuem tudo não terão sossego não. 
A pressão social, a desigualdade, o preconceito, o racismo, a mortandade neonatal, a falta de oportunidade, de valoração da cultura, está em ebulição, se manifesta na violência, no crime, nos homicídios, e se a injustiça social continuar irá explodir em revolução, e em tal revolução quem tem a perder é minoria que tudo possui. Portanto, a minoria precisa pressionar o governo juntamente com a maioria pobre. Digo pressionar o governo, pois a escravidão foi uma estrutura do estado, tão logo, cabe ao governo, hoje, 125 anos após a assinatura da Lei Áurea, por meio de políticas públicas cada vez mais inserir o negro no centro da vida social do país, retirando-o da periferia do ser e ter. Fazer agora, o que segundo Joaquim Nabuco, deveria ter sido feito em 1888, no ato da abolição. Pois, muitos negros conscientes de sua história, e de que este país foi construído com o sangue, suor, lágrimas e cadáveres de seus ancestrais, assim como eu, possuem dentro de sim, uma pergunta que não quer calar: “13 de maio - o que vamos fazer com essa tal liberdade, se estamos na periferia e continuamos a sofrer”?
Liberdade não se recebe, se conquista. Igualdade social não se ganha, se reivindica, se luta por, se constrói, se solidifica, quando não se é acomodado com um sistema injusto e desumano. O Jugo desigual social e opressivo precisa ser combatido e abolido, pois assim diz a Palavra de Deus: "Porventura não é este o jejum que escolhi, que soltes as ligaduras da impiedade, que desfaças as ataduras do jugo e que deixes livres os oprimidos, e despedaces todo o jugo? Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque eles serão fartos; "- Isaías 58.6 e Mateus 5:6
Rev. José do Carmo da Silva – Mano Zé do Egito
Fonte das informações: Diario Oficial

Transexuais: Quero ser mulher também no meu RG

 

   

 
Sofrendo constrangimentos públicos diários, transexuais lutam para que a sua identidade feminina seja reconhecida legalmente
por Iran Giusti
Nascida no corpo de um homem, a modelo carioca Felipa Tavares foi percebendo desde a infância que a sua identidade era feminina. Hoje, aos 26 anos, ela tem a convicção de que é uma mulher, inclusive se veste e se porta como tal. Porém, o seu RG ainda contraria o que ela sente, a identificando como uma pessoa do sexo masculino.
Assim como Felipa, diversas transexuais brasileiras enfrentam o demorado processo jurídico para trocar o nome de batismo pelo outro que elas escolheram. Além representar reconhecimento de uma identidade própria, o documento alterado também evita uma série de constrangimentos dolorosos.
"Mudar o nome tem um peso enorme. Estou cansada de chegar aos lugares e começar a ser desrespeitada no minuto seguinte depois que eu apresento o meu RG. Uma vez no banco, o gerente pegou meu documento, chamou os colegas e começou a dar risada apontando para mim", desabafa Felipa, relatando apenas um dos inúmeros constrangimentos que já passou.
"Mudar o nome tem um peso enorme. Estou cansada de chegar aos lugares e começar a ser desrespeitada no minuto seguinte depois que eu apresento o meu RG (Felipe Tavares)
Como o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) não contabiliza os transexuais no censo, ainda não há números exatos sobre a porcentagem que eles representam no total da população brasileira. Mas dados do SUS (Sistema Único de Saúde) fornecem uma pista da situação, ao mostrar que são realizadas diariamente no Brasil duas cirurgias de mudança sexo.
Embora tenha esse desejo, Felipa ainda não conseguir fazer a mudança de sexo, mas já entrou na justiça com o pedido para mudar de nome. Mas antes disso, ela precisou passar em nove cartórios do Rio de Janeiro, onde mora, para reunir os documentários necessários para o processo.
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A advogada Luisa Helena Stern que já venceu as barreiras burocráticas da mudança de nome no RG
 
A advogada Luisa Helena Stern , 47, já venceu tanto o processo jurídico quanto o médico. "Ter o seu nome no RG é uma grande conquista. Tirar a certidão de nascimento com o nome novo, aquele que te representa, é como nascer de novo, só que desta vez, do jeito certo", constata Luisa, que vive em Porto Alegre.
Luisa relata que o processo de mudança do RG acelerou quando ela fez a mudança de sexo. "Quando entrei na justiça, eu ainda não havia feito a cirurgia e notei que o juiz protelou ao máximo a alteração no documento para que ambas as coisas acontecessem juntas", observa a advogada, que realizou as duas modificações no ano passado.
Acompanhando atualmente oito casos de transexuais que querem mudar de nome, o advogado Eduardo Mazzilli conta que a duração do processo jurídico varia muito nas diferentes regiões do Brasil. Em São Paulo, todo o trâmite costuma levar em torno de quatro meses, mas em outro estados, o tempo total pode ser dez vezes maior, chegando a quatro anos.
"Há relatos de casos de transexuais que não conseguiram lidar com o preconceito e se mataram durante o processo da troca de sexo e até do nome", revela Mazzilli.
Apesar da demora, o advogado diz que juridicamente o processo é simples, o que acaba prolongando o tempo é a quantidade de documentos exigidos. "É necessário apresentar desde RG e CPF até documentos relativos a ações penais, assim como o documento de alistamento militar. Algo que muitas delas não têm porque não tiveram coragem de se alistar", aponta Mazzilli.
"Ter o seu nome no RG é uma grande conquista. Tirar a certidão de nascimento com o nome novo, aquele que te representa, é como nascer de novo, só que desta vez, do jeito certo (Luisa Helena Stern)
"Para mudar o RG, é preciso demonstrar para o juiz que a transexual usa o nome feminino no dia a dia. Isso pode ser comprovado com perfis em redes sociais e até documentos que comprovam a participação em palestras", exemplifica o advogado. "A mudança de sexo é mais complicada, exige laudos médicos e a realização da cirurgia em si, que já é muito difícil" completa.
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Bruna Lorrane de Andrade, coordenadora do Centro de Referencia em Direitos Humanos do Pará que ajudou a criar a Carteira Trans
Numa tentativa de encurtar o tempo da burocracia, a Centro de Referencia em Direitos Humanos do Pará criou a Carteira de Nome Social, também conhecido como Carteira Trans, documento para transexuais e travestis que é válido em todo o estado, nos ambientes estatais e privados. Não é necessário de medida judicial para requerê-lo, basta apenas que a (o) interessada (o) compareça ao órgão paraense.
"Este documento foi desenvolvido no Rio Grande do Sul, vimos o projeto e aprimoramos. Lá, ele deve ser apresentado junto ao RG, o que acaba não ajudando muito. No Pará, conseguimos contemplar todos os dados como RG e CPF, permitindo a identificação civil sem ferir a identificação social, que é como a pessoa se percebe", avalia Bruna Lorrane de Andrade , 25, transexual que coordena o centro de referência.
Além de preencher a lacuna dos poderes judiciário e legislativo em relação aos direitos dos transexuais, o documento paraense pretende reduzir problemas causados por esse não reconhecimento da identidade, como é o caso das trans que abandonam os estudos por conta dos constrangimentos sofridos na escola.
"Esperamos que isso acabe com o estigma de que o transgênero é marginalizado, que vive sempre de prostituição", conclui Bruna.

O “Esquenta”, de Regina Casé, é o programa mais racista da TV?

 

    por Marcos Sacramento

 
Ela envia uma mensagem retrógrada com seus estereótipos dos negros.
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Esquenta é o programa mais conservador da televisão brasileira. É uma versão barulhenta e colorida de velhos costumes. Num primeiro olhar, parece uma grande festa na periferia, na qual as gírias, danças e modas de regiões com IDH baixo e criminalidade alta são irradiadas para todo o país pela tevê.
Vemos meninos contorcendo as articulações em performances de passinho, meninas com minissaia e microvocabulário, rapazes negros com cabelos louros e óculos espelhados de cores berrantes rodando o salão felizes e eufóricos. A festa mistura samba, funk, estilo de vida despreocupado e despudorado, concurso de beleza, humor, artistas de novela, enfim, para usar um termo bem periférico, “tudo junto e misturado”.
Essas características, apenas, não me incomodam. Não sou quadrado, respeito e até admiro algumas formas de cultura vindas do gueto e abuso do direito de desligar a TV. O que me irrita, e muito, e faz com que chame o programa de conservador e escravocrata é a cor de pele predominante nessa festa maluca.
Certamente o Esquenta é o programa com o maior percentual de negros da TV aberta. Enquanto as novelas, seriados e telejornais são predominantemente caucasianos, quem manda ali são os negros e pardos.
É esse o ponto. O programa reforça o estereótipo dos negros brasileiros como indivíduos suburbanos, subempregados, mas ainda assim felizes, sempre com um sorriso no rosto, esquecendo-se das mazelas cotidianas por meio da dança, do remelexo, das rimas pobres do funk, do mau gosto de penteados e cortes de cabelo extravagantes.
Sou negro e não sei sambar, não pinto meu cabelo de louro, não uso cordões, não ando gingando nem falo em dialeto. Não sou exceção, felizmente. Sei que há muitos caras e moças como eu. Muitos são poliglotas, outros gostam de música clássica, vários gostam mais de livros do que de pessoas, outros reclamam do calor da Brasil, certamente há os que são introspectivos e de poucas palavras, e há os que nem sentem falta do feijão quando viajam para o exterior.
Embora o Esquenta não tenha a proposta de ser um programa sobre cultura negra, ele ajuda a construir um estereótipo. Por que as novelas não têm galãs negros ou musas negras? Faça a lista dos galãs e das musas televisivas e depois veja quantos são negros. O número será irrisório.
Esquenta ajuda a manter essa ordem. Em vez de rapazes elegantes, mostra dançarinos com cabelos bizarros. As moças, sempre de shorts minúsculos e prosódias vulgares, nunca serviriam de modelo para capas da Marie Claire ou da Claudia.
Regina Casé e seu programa parecem dizer aos jovens dos guetos: “Ei, isso mesmo, aprendam passinho, aprendam a rebolar até o chão, continuem com seu linguajar próprio, porque tudo isso é lindo, é legal, é Brasil, é tudo junto e misturado, continuem com seus empregos modestos, porque a vida é agora, é para ser vivida, curtida, com alegria, malemolência, sempre com um sorriso no rosto”.
E assim, aquela menina sentada no sofá vai continuar achando o máximo desfilar com pouca roupa e pelos das pernas pintados de loiros pela comunidade. Nunca vai pensar em aprender a falar alemão ou tentar entender os grafites de Banksy, da mesma forma que os rapazes nunca sonharão em trabalhar no Itamaraty e praticarão bullying contra os meninos polidos que não falam em dialeto e inventam de estudar violino, já que um programa televisivo de uma das principais emissoras do país legitima seu estilo de vida mal educado e de poucas perspectivas.
Como um coronel oligarca e cínico, o programa dá uma recado para a garotada negra e parda da periferia: “É isso, dancem, cantem, divirtam-se. Mas não saiam do seu lugar”.

Marcha das Vadias


Sistema penitenciário é ainda mais precário para mulheres, dizem especialistas

Encarceradas enfrentam problemas para lidar com vínculos familiares                 

Elza Fiúza/ABr
Detentas
Foi lançada em março a campanha “Estou presa, continuo mulher”, uma arrecadação de roupas íntimas e absorventes
São Paulo – Desde 2007, quando foi feito um relatório sobre a situação das mulheres encarceradas no país, os direitos das detentas em relação à visitação, parto e direitos sobre a guarda de filhos estão definidos pelo governo federal. Porém, especialistas no tema apontam que as condições do encarceramento feminino pouco mudaram desde então. Segundo a fundadora da Associação Brasileira de Defesa da Mulher, da Infância e da Juventude, Dalila Figueiredo, além da liberdade, as presas perdem também os vínculos familiares.
“O impacto nas presas que têm filhos, principalmente, é muito sério”, disse em entrevista à Rádio Brasil Atual. De acordo com a ONG de direitos humanos Conectas, o senso penitenciário do estado de São Paulo mostra que 86% das presas são mães, e muitas delas, antes de 2007, perdiam a guarda dos filhos sem qualquer audiência e sem conhecimento do processo de destituição do dever familiar. Hoje o estado deve obrigatoriamente solicitar a presença da mãe na audiência de guarda.
Até ano passado, havia detentas que davam a luz algemadas. Após denuncias, o governo proibiu o uso de algemas em presas grávidas, durante e no pós-parto. Porém, segundo Dalila, não há monitoramento para verificar o cumprimento da medida nas penitenciárias.
Para Aline Yamamoto, do Grupo de Estudos de Mulheres Encarceradas, que tem participação de várias entidades ligadas ao tema, a situação passa pela questão de gênero. “Há muitos casos em que elas têm de usar miolo de pão quando estão menstruadas, em que são chefes de família e filhos são colocados para adoção sem seu consentimento. O encarceramento das mulheres é muito mais grave que o dos homens por causa dessa invisibilidade, elas não são prioridades para as políticas públicas do país.”
O grupo lançou em março a campanha “Estou presa, continuo mulher”, uma arrecadação de roupas íntimas, como calcinhas, sutiãs, além de absorventes. O objetivo era chamar a atenção sobre a precariedade das condições de mulheres encarceradas. No Brasil existem 508 unidades prisionais com mulheres encarceradas. Destas, apenas 58 são exclusivamente femininas, e 450 são compartilhadas entre homens e mulheres.

Meninas negras são maioria em casos de trabalho doméstico infantil no Brasil

Nas demais modalidades de uso de crianças como mão de obra houve recuo de 30% entre 2009 e 2011, mas total das que ainda trabalham chega a quase 300 mil no país                

©folhapress
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Uso de crianças para aumentar renda familiar deve ser combatido até total erradicação
Brasília – Mais de 93% das crianças e dos adolescentes envolvidos em trabalho doméstico no Brasil são meninas - quase vinte pontos percentuais a mais do que a média mundial, que é de 71% -, de acordo com o último levantamento de dados da Organização Internacional do Trabalho (OIT) sobre o tema. Em números absolutos, são mais de 241 mil garotas executando tarefas domésticas na casa de terceiros.
Os dados foram divulgados hoje (12) pelo Fórum Nacional de Prevenção e Erradicação do Trabalho Infantil (FNPeti), no estudo O Trabalho Doméstico no Brasil, com base em informações da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) de 2011, a mais recente. Em relação à cor, o perfil dessas crianças e jovens indica que 67% são negras.
Hoje, comemora-se o Dia Mundial de Combate ao Trabalho Infantil. Tanto a Organização Internacional do trabalho (OIT) quanto a FNPeti divulgaram, para marcar a data, estudos com ênfase no trabalho infantil doméstico no mundo e no Brasil, respectivamente.
Os dados apresentados hoje confirmam que há, aproximadamente, 258 mil casos de trabalho infantil no país, como já havia sido informado pela Agência Brasil. Entre 2009 e 2011, houve 30% de redução no número de casos - em 2009, foram 362,8 mil. Em relação às crianças e aos adolescentes dos 10 aos 13 anos, foram mais de 30,1 mil em 2011, envolvidas em atividades domésticas. Entre jovens de 14 aos 15 anos, 92,4 mil e dos 16 aos 17 anos, pouco mais de 135 mil.
Desse total, mais de 102,6 mil estão no Nordeste, região que mais concentrou crianças e adolescentes entre 5 e 17 anos trabalhando em casa de terceiros. A Bahia foi o estado da região com o maior número de casos verificados, 26,5 mil. No país, Minas Gerais foi o que mais registrou esse tipo de atividade – 31,3 mil. Proporcionalmente, o aumento de casos foi mais expressivo no Rio Grande do Norte - de 6% da população infanto-juvenil para 15,1%.
A região em que houve a redução mais significativa do número de casos foi a Sudeste. Entre 2009 e 2011, a quantidade de crianças e adolescentes nessa situação caiu de 105,7 mil para 66,6 mil – ainda que, com essa diminuição, tenha mantido o segundo lugar entre as regiões com mais casos. O Distrito Federal teve a maior redução percentual - 73% -, seguido por Roraima (68,6%), Santa Catarina (62,2%) e Pernambuco (55,9%).
Atualmente, estima-se que haja cerca de 3,7 milhões de crianças e adolescentes dos 5 aos 17 anos trabalhando no Brasil, segundo dados do último Censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) sobre o tema, divulgado no Dia Mundial de Combate ao Trabalho Infantil, no ano passado, e confirmado pelo balanço feito neste ano. Os dados consolidados são referentes a 2011. Desse total, 7% executam tarefas domésticas, representando 3,9% do contingente total de empregados domésticos no país (de cerca de 7 milhões de pessoas).
Ariel de Castro Alves, membro da Comissão da Criança e do Adolescente da OAB, ressalta que, no período estudado, houve um aumento da incidência de trabalho infantil na faixa etária dos 10 ao 13 anos, em especial nas áreas urbanas do país. "Preocupa a migração daquele trabalho tradicional, que muitas vezes era explorado em carvoarias e lavouras, para as cidades. Criança nos semáforos de trânsito, vendendo balas, que limpam vidros de carros etc.", disse o ativista, em entrevista à Rádio Brasil Atual.

Ouça a íntegra da análise de Ariel de Castro Neves, da OAB:

A região em que houve a redução mais significativa do número de casos foi a Sudeste. Entre 2009 e 2011, a quantidade de crianças e adolescentes nessa situação caiu de 105,7 mil para 66,6 mil – ainda que, com essa diminuição, tenha mantido o segundo lugar entre as regiões com mais casos. O Distrito Federal teve a maior redução percentual - 73% -, seguido por Roraima (68,6%), Santa Catarina (62,2%) e Pernambuco (55,9%).
Em relação a gênero, a maioria das crianças e jovens envolvidos em trabalhos domésticos é do sexo feminino, seguindo a mesma dinâmica verificada mundialmente - em que mais de 73% são meninas. De acordo com o estudo do FNPeti, das quase 260 mil crianças que trabalham em casa de terceiros, 93,7% são meninas (241,1 mil), mais do que a média mundial. Essa proporção foi praticamente a mesma nos últimos levantamentos da Pnad, em 2008 e em 2009. Quanto à cor, o trabalho infantil doméstico é majoritariamente negro - 67% (172,6 mil).
Atualmente, estima-se que haja cerca de 3,7 milhões de crianças e adolescentes dos 5 aos 17 anos trabalhando no Brasil, segundo dados do último Censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) sobre o tema, divulgado no Dia Mundial de Combate ao Trabalho Infantil, no ano passado, e confirmado pelo balanço feito neste ano. Os dados consolidados são referentes a 2011. Desse total, 7% executam tarefas domésticas, representando 3,9% do contingente total de empregados domésticos no país (de cerca de 7 milhões de pessoas).

Dia Mundial contra o trabalho infantil: organizações pedem fim da exploração de crianças no trabalho doméstico

Por: Adital
12/06/2013
A Organização Internacional do Trabalho (OIT) estima que 15,5 milhões de crianças trabalham em atividades domésticas remuneradas ou não em casa de terceiros ou empregadores pelo mundo, sendo que 47% delas têm menos de 14 anos de idade e a maioria (72%) são meninas. O trabalho infantil doméstico é considerado uma das piores formas de trabalho para crianças e, por isso, será o foco central das ações do Dia Mundial contra o trabalho infantil que será celebrado nesta quarta-feira (12), e que traz o tema "Não à exploração infantil no trabalho doméstico”.

Segundo os dados da OIT, 3,8 milhões das crianças que trabalham em casas de terceiros têm entre 12 e 14 anos de idade e 3,5 milhões são ainda mais novos: têm entre 5 e 11 anos de idade. As estimativas apontam que cerca de 5,5 milhões dessas crianças são vítimas do trabalho forçado ou do tráfico de pessoas para trabalho forçado.

Devido a essa situação, as Nações Unidas alertam para a necessidade de os governos realizarem reformas legislativas e aplicarem políticas que garantam a eliminação do trabalho infantil no trabalho doméstico, como o estabelecimento de uma idade mínima para o ingresso ao trabalho. Também recomenda a criação de condições de trabalho decente e a proteção adequada para os/as jovens trabalhadores/as domésticos/as que estão acima da idade mínima legal para o trabalho.

A idade mínima para trabalhar varia de acordo com a natureza das atividades. Para trabalhos rápidos e seguros que não atrapalhem a formação escolar, a idade mínima ideal é entre 13 e 15 anos de idade. Já os trabalhos perigosos só podem ser exercidos por maiores de 18 anos. A idade mínima limite para admissão em empregos, quando o/a adolescente está em fase de finalização da escolarização é, em geral, 15 anos de idade.

Além disso, pede que os Estados ratifiquem as convenções internacionais relativas ao trabalho infantil, a exemplo do Convênio 189 da OIT, sobre trabalho decente para trabalhadores/as domésticos/as. Disponível desde 2011, apenas sete países ratificaram o Convênio 189 da OIT: Bolívia, Filipinas, Itália, Maurício, Nicarágua, Paraguai e Uruguai. A promoção de um movimento mundial contra o trabalho infantil é outra recomendação da ONU aos governos.

A escravidão, o tráfico de pessoas, a servidão por dívidas e outras formas de trabalho forçado, além do recrutamento forçoso de crianças para serem utilizadas em conflitos armados, prostituição e pornografia, e outras atividades ilícitas constituem "inquestionavelmente” as piores formas de trabalho infantil, proibida internacionalmente.

Em busca de combater essa prática, organizações que atuam contra o trabalho infantil realizam desde o ano passado o IV Encontro Internacional contra o Trabalho Infantil "Aportes para a eliminação do trabalho infantil na América Latina. Um caminho rumo a Conferência Mundial 2013”, dividido em quatro etapas. A Conferência Mundial acontecerá em outubro deste ano em Brasília (DF), Brasil.

Fonte: Adital

terça-feira, 11 de junho de 2013

Indígenas contrários a hidrelétricas na Amazônia ocupam sede da Funai, em Brasília

 

Na tarde desta segunda-feira, 10, 145 indígenas dos rios Xingu, Tapajós e Teles Pires, no Pará, ocuparam a sede da Fundação Nacional do Índio, em Brasília 
Por Renato Santana, de Brasília para o Brasil de Fato
Indígenas exigem serem ouvidos pelo governo federal (Foto: Ruy Sposati / Brasil de Fato)
Os 145 indígenas dos rios Xingu, Tapajós e Teles Pires, no Pará, ocuparam a sede da Fundação Nacional do Índio (Funai), em Brasília, na tarde desta segunda-feira, 10. Os indígenas aguardavam a presidente interina do órgão indigenista, Maria Augusta Assirati, para entregar documento com reivindicações, solicitar hospedagem e a data em que seriam levados de volta ao Pará. Porém, Maria Augusta não compareceu e por emissários avisou que estava em outra reunião. Nesta terça-feira, 11, completa uma semana que o grupo desocupou o principal canteiro de obras da UHE Belo Monte e veio ao Distrito Federal.
“Desde a manhã estamos esperando alguém da Funai para falar da nossa pauta, da hospedagem. Ninguém apareceu até agora. Nós chamamos vocês para nossa  assembleia, que começou quando chegamos, e vocês não vieram. Então estamos informando agora para vocês que nos estamos acampando aqui na Funai. Vamos ocupar a Funai a partir de agora”, disse Josias Munduruku aos representantes delegados pela interina da Funai.
O grupo já demonstrava indignação com a postura do ministro-chefe da Secretaria Geral da Presidência da República (SGPR), Gilberto Carvalho, que na manhã desta segunda negou reunião com os indígenas. Ao invés do ministro, quem recebeu os indígenas foram soldados do Exército e assessores. Pelo próprio governo, os indígenas foram encaminhados para a Funai, onde seriam recebidos pela presidente interina. Até o final da tarde desta segunda-feira, 10, Maria Augusta não apareceu.
“Disseram (na SGPR) que receberiam uma comissão de dez, mas nós não nos separamos. O governo não quer entender isso, respeitar nosso jeito. Sabem que não nos separamos. Por essa postura, o ministro descumpre os acordos e assim fica difícil conversar”, explica Jairo Saw, assessor do cacique-geral Munduruku. Para as lideranças, os assessores de Carvalho disseram que ele só poderia atendê-los até as 11h15. Em nota, a SGPR disse que as lideranças indígenas se negaram a se reunir com Gilberto Carvalho.
“O governo está dando as costas para nós. Não quer nos ouvir. Nós estamos entendendo isso. Ele disse que vai fazer hidrelétricas de qualquer jeito, e ele sabe que nós não queremos. Essa nota do governo nós lemos na reunião. Ele disse que esperou a gente, disse que nos recusamos. É mentira! Foi ao contrário. Nós fomos lá, nós que esperamos”, disse Josias Munduruku para os emissários de Maria Augusta.
O povo Munduruku interpelou judicialmente, no início deste mês, o ministro Carvalho por outra nota da SGPR, onde acusa “autodenominadas” lideranças de envolvimento com atividades ilícitas. Leia matéria na íntegra aqui.  
Carta protocolada; carta não recebida
Os indígenas, mesmo sem serem recebidos, protocolaram na SGPR o documento que entregariam ao ministro em mãos – leia a íntegra aqui. Na carta, os indígenas relatam ponto a ponto as áreas afetadas pelo projeto hidrelétrico nos rios Teles Pires e Tapajós – motivo pelo qual o grupo ocupou no mês de maio, por 17 dias em duas ocasiões, o principal canteiro das obras da UHE Belo Monte. Um dos locais atingidos é a Cachoeira Sete Quedas, sagrado para os Munduruku, Kayabi e Apiaká, que será inundada pela usina que está sendo construída no Teles Pires.
“A Cachoeira de Sete quedas (Paribixexe): É uma linda cachoeira contendo sete quedas em formato de escada. É o lugar onde os mortos estão vivendo, o céu dos mortos, ou seja, o mundo dos vivos, o reino dos mortos. É um local sagrado para os Munduruku, Kayabi e Apiakás, aonde também os peixes se procriam e diversas espécies e todos os tamanhos, onde existe a mãe dos peixes. Nas paredes constam as pinturas rupestres deixados pelo Muraycoko (pai da escrita), a escrita deixada para os Munduruku através das escritas surabudodot, por muito tempo remoto (sic)”, diz trecho da carta.
Para Valdenir Munduruku, o ministro Carvalho demonstra com as atitudes apresentadas a forma de diálogo que pretende manter: “Aqui, a casa deles, nos recebem com o Exército e a polícia e não nos deixam entrar. Em nossa casa, mandam o Exército e a polícia para poderem entrar. Isso não é diálogo. É como se nós fôssemos inimigos”. Josias Munduruku lembra que na reunião da última terça-feira, 4, o ministro disse que as hidrelétricas vão sair, pois se trata de uma decisão de governo: “Me pergunto: que consulta é essa que eles querem fazer? Não é consulta quando eles (governo) tomam uma decisão sem volta. O que poderá sair de consulta assim?”, questiona.
Por enquanto, não há previsão de retorno dos indígenas para o Pará e de desocupação do órgão indigenista estatal. Tampouco a hospedagem ficou definida, mas, pelo visto, depois do anúncio da ocupação à sede da Funai, os indígenas já arrumaram um lugar para ficar – ao menos por essa noite.

Defesa dos direitos de nossas brasileiras

 


Devemos respeitar tanto a mulher vítima de estupro que mantém a gestação, quanto aquela que percebe não ter condições psicológicas para tanto
Por Jandira Feghali*
A aprovação do Estatuto do Nascituro (Projeto de Lei 478/2007) na Comissão de Finanças e Tributação (CFT) da Câmara dos Deputados, nesta semana, é um retorno mordaz e extremamente grave à Idade Medieval. É tão assustador seu conteúdo, por diversos pontos de vista, sejam eles jurídicos, constitucionais, de gênero, científicos, que é necessário chamar a atenção da sociedade sobre os ataques diretos desse projeto de lei aos direitos humanos e sociais dos brasileiros e, particularmente, de nossas brasileiras.
(http://www.flickr.com/photos/libertinus/)
Um dos pontos mais controversos e absurdos deste Estatuto se encontra na garantia de subsídio financeiro do governo federal às mulheres vítimas de estupro. É previsto um salário mínimo mensal para mães que engravidaram através deste crime hediondo, além de uma bolsa-auxílio de três meses a mulheres que engravidaram após estupro e decidiram não interromper a gestação. Ou seja, abre-se uma sedutora compensação financeira na aposta de que a necessidade do auxílio em momento tão delicado fará a mulher desistir de um direito. A repercussão dessa decisão, que não é livre, pois é apoiada em termos financeiros, pode ser desastrosa. A opção pela maternidade é, antes de tudo, uma opção de amor. Devemos respeitar tanto a mulher vítima de estupro que mantém a gestação, quanto aquela que percebe não ter condições psicológicas para tanto. A compensação adiciona a este ato de amor um componente financeiro, nada desejável para uma decisão deste porte.
Mais estranho é este “subsídio” ter passado pela Comissão de Finanças e Tributação da Câmara dos Deputados, que deve opinar sobre a adequação financeira da proposta, sem qualquer lastro orçamentário, demonstrando que a decisão foi político-ideológica e não técnica. A afronta de parte do texto, no artigo 13, precisamente no inciso III, é mais terrível ainda quando produz o pensamento de que o nascituro pode ser encaminhado para adoção caso a mãe decida não ter sua guarda. Como assim? A mulher não deseja o filho, mas o Estado realmente vai promover o estímulo à geração de “mães de aluguel” de estupradores? Negação da maternidade para as gestantes, como se a imposição de uma gravidez determinada por uma ato de violência e contra a vontade da mulher devesse ser irreversível.
O parlamento, os movimentos sociais e a sociedade civil não podem permitir que as cidadãs deste País apaguem de suas premissas constitucionais a possibilidade de interromperem uma gravidez oriunda de um gravíssimo crime. O código penal brasileiro não é um detalhe. Estupro é crime hediondo e desde 1940 já está disposto no seu artigo 128 que não constitui crime o aborto praticado por profissional médico “se não há outro meio de salvar a vida da gestante” ou “se a gravidez resulta de estupro”.
Ainda que a Câmara e parte do Congresso se acovarde diante do fundamentalismo que teima em não aceitar o estado democrático e laico, cabe a todos nós, sociedade brasileira, exigir  a rejeição deste projeto. A violência sexual contra a mulher tem gerado alarmantes estatísticas em todos os cantos deste País e não pode ser legitimada pelo Estado. No Brasil, segundo o Sistema de Vigilância de Violências e Acidentes (Viva) do Ministério da Saúde, um total de 18.007 mulheres deram entrada no sistema público de saúde em 2012 apresentando indícios de terem sofrido violência sexual. A triste maioria composta por crianças, adolescentes e idosas. No Rio, a oitava edição do Dossiê Mulher (2012), divulgado pela Secretaria Municipal de Política para Mulheres, aponta que 82,8% das vítimas de estupro na capital são mulheres e 94,9% são vítimas de tentativa de estupro.  É hora de voltar corações e mentes ao respeito, dignidade humana e à democracia.
*Jandira Feghali é médica, deputada federal pelo PCdoB/RJ e presidenta da Comissão de Cultura da Câmara dos Deputados

Produtores culturais e artistas negros propõem medida contra decisão que suspendeu editais do Ministério da Cultura


Por: Por: Thaís Nascimento
10/06/2013
Artistas, produtores e organizações culturais se reuniram na última segunda-feira, 3, na sede da Funarte, no centro de São Paulo, para discutir a suspensão de editais na área cultural para artistas negros. A mobilização aconteceu após decisão do Juiz José Carlos do Vale Madeira, da 5ª Vara da Seção Judiciária do Maranhão determinando provisoriamente a suspensão.

Após a referida decisão, a deputada estadual Leci Brandão (PCdoB) se uniu com o CEERT para discutir medidas que poderiam revertê-la. A partir disso, o CEERT, por meio de seus advogados, propôs duas medidas: um recurso contra a decisão que suspendeu os editais e uma petição com vistas a assegurar a participação de artistas negros no processo judicial.

“Trata-se de mais uma iniciativa, entre tantas outras nos últimos anos, na qual o CEERT junta-se com outros parceiros para intervir no campo judicial, de forma qualificada e responsável, visando defender os direitos e interesses da população negra brasileira”, disse Hédio Silva Jr. advogado e diretor executivo do CEERT.

De acordo com a decisão do juiz, o Ministério da Cultura “não poderia excluir sumariamente as demais etnias” e os editais “destinados exclusivamente aos negros abrem um acintoso e perigoso espectro de desigualdade racial”. Daniel Teixeira, advogado e coordenador de projetos do CEERT, destaca o desacerto da decisão: "o juiz, ao deferir a antecipação da tutela e suspender os editais, desconsidera o princípio das ações afirmativas, cuja constitucionalidade foi afirmada há menos de um ano pelo Supremo Tribunal Federal, ou seja, está na contramão da História e do Direito".

Foi com vistas a discutir com produtores culturais e artistas negros possíveis medidas contra a suspensão dos editais, que a Fundação Cultural Palmares organizou uma reunião em São Paulo. “A reunião foi singular no sentido de reunir artistas, produtores culturais negros e lideranças históricas do Movimento Negro para pensar a cultura brasileira pelo diapasão do racismo que nos segrega, segmenta e desvirtua os caminhos e conquistas construídos com tanta luta e amor por milhares de pessoas envolvidas na produção e perpetuação das culturas negras na Diáspora Africana.” disse Cidinha da Silva, escritora e representante da Fundação Cultural Palmares em São Paulo

A ação popular que pediu a suspensão dos editais significa um retrocesso em relação às ações afirmativas. “Estamos indignados, achamos que é uma ação racista, estamos recorrendo e vamos ganhar. Depois que tivemos o Supremo Tribunal Federal se posicionado a favor da cota, dizer que 'fazer um edital para criadores negros' é racista, não existe. Fizemos editais para indígenas, vamos lançar agora para mulheres e temos que ter ações afirmativas para compensar as dificuldades que afetam algumas comunidades”, disse a ministra da Cultura, Marta Suplicy à época da suspensão.

Os editais direcionados a artistas e produtores negros representam menos de 0,72% do total de receita prevista para o Ministério da Cultura, em 2013.

Quando a Justiça se torna racista


Por: Valmir Assunção, especial para o Viomundo
10/06/2013
No último dia 21 de maio, a Justiça suspendeu os editais de incentivo à cultura negra, lançados pelo Ministério da Cultura em novembro de 2012. De acordo com a decisão do juiz José Carlos do Vale Madeira, da 5ª Vara da Seção Judiciária do Maranhão, os editais representam uma prática racista. De acordo com ele, o Ministério da Cultura “não poderia excluir sumariamente as demais etnias” e que os editais “destinados exclusivamente aos negros abrem um acintoso e perigoso espectro de desigualdade racial”.

Desta forma, os editais Apoio para Curta-Metragem — Curta Afirmativo: Protagonismo da Juventude Negra na Produção Audiovisual; Prêmio Funarte de Arte Negra; Apoio de Coedição de Livros de Autores Negros; e Apoio a Pesquisadores Negros foram suspensos.

O Ministério da Cultura já informou que vai recorrer da decisão. No entanto, é preciso repudiar esta determinação da Justiça. Só uma pessoa que não tem o menor entendimento sobre racismo, a questão negra e todo o historio de opressão contra o povo negro neste País, pode conceber que editais e políticas públicas voltados para o resgate e manutenção da cultura negra no Brasil são objetos racistas.

Ora, estimular a cultura negra, não só é um aspecto condizente com a democracia, como também é uma forma de reparação e reconhecimento de que é preciso políticas específicas para a população negra, indígena, mulheres. E isso se dá porque, apesar de estarmos na vigência do século XXI, o Brasil ainda é marcado por episódios de discriminação e preconceitos raciais, pela existência do trabalho análogo ao da escravidão e pela violência contra negros, mulheres e contra a parcela da população que professa uma das inúmeras religiões de matriz africana.

A nossa sociedade já avançou muito em termos de conquistas sociais, mais recentemente com a política de cotas nas universidades. O crime de racismo é tipificado no nosso Código Penal e, cada vez mais, procuramos universalizar o acesso dos afrodescendentes às conquistas sociais, através das políticas públicas.

A Cultura também está neste universo. Não é uma política menor, pelo contrário. O Brasil precisa conhecer e reconhecer os negros e negras deste país na formação do nosso povo e isto é diretamente ligado à cultura, seja na culinária, seja na religião, seja no trabalho, seja nas formas de se vestir. Precisamos ter a memória e o resgate da cultura negra, hoje, completamente invisibilizada.

E mais: é preciso que as oportunidades para a produção cultural da população negra esteja garantida. Não podemos mais aceitar que negros sejam pintados de branco para que sejam aceitos em novelas, filmes ou peças de teatro.

A sociedade brasileira não pode cair no discurso da “democracia racial”, cujo argumento só reforça a prática do racismo, sem o reconhecimento que é a população negra que está entre os piores indicadores sociais e econômicos do Brasil.

Valmir Assunção é deputado federal e vice-líder do PT na Câmara

Viomundo

domingo, 9 de junho de 2013

A verdadeira face da violência escolar


Nos Estados Unidos o termo usado em diversas pesquisas é “delinquência juvenil”; na Inglaterra é definido por alguns atores apenas no caso de conflitos entre estudantes e professores ou medidas disciplinares como suspensão. No Brasil, ainda não temos um conceito definido como consenso para a violência escolar.

Por Manuela Braga*


O especialista Bernard Charlot, professor de Ciências da Educação da Universidade de Paris 8, classifica violência escolar em três níveis: violência (golpes, roubos, crimes, vandalismo e sexual), incivilidades (humilhação, falta de respeito) e simbólica ou institucional (desprazer do ensino por parte dos estudantes e negação da identidade e da satisfação profissional por parte do professor).

O fenômeno da violência nas escolas, já reconhecido e pesquisado desde a década de 1950, vem ganhando graves proporções. Relacionado diretamente com a disseminação do uso de drogas e armas, hoje se tem como fator agravante a distância cada vez maior entre escola e comunidade, mas também devemos considerar fenômenos como a globalização nos moldes de uma sociedade em que apresenta uma completa inversão de valores e a exclusão social.

Outro fator determinante é a falta de identidade com a escola não só pelos estudantes, mas também pelos profissionais em educação, se tornando uma violência de cunho institucional, onde se fundamenta um sistema de normas e regras autoritário: as regras de convivência, o projeto político-pedagógico, os recursos didáticos e a qualidade da educação.

O conteúdo não lida com temas básicos que são vividos pelos jovens, ignora a realidade, da juventude e o professor pouco consegue flexibilizar o conteúdo e o formato das aulas, não tendo - na grande maioria das vezes - acesso nenhum a ferramentas básicas como laboratórios, quadras e bibliotecas que contribuam para repassar o conteúdo.

Enfrentamos salas de aulas abarrotadas, professores desvalorizados que não conseguem sequer preparar a aula por serem obrigados a lecionar em mais de uma escola, para com isso, poder ter as despesas custeadas pela profissão que escolheu. 

Em pleno 2013, a principal ferramenta - ou a única para transmitir o conteúdo - é o quadro de giz, em tempos onde faz parte do nosso dia equipamentos de alta tecnologia, temos um hiato ascendente entre o que se passa dentro e fora da escola.

As regras de convívio não necessariamente correspondem às expectativas e demandas do século 21. Onde está expresso, por exemplo, que para entrar na sala de aula o estudante deve tirar o boné, que todos devem usar roupas iguais, nas cores e modelos definidos pelo sistema de ensino? Não estou dizendo com isso que se deve permitir que quem queira entre de boné na aula, muito menos que não se deve usar o fardamento, mas porque essas medidas não são discutidas com toda a comunidade? A verdade, é que nós jovens, somos em todos os sentidos obrigados a vestir um personagem para entrar na escola.

O ambiente escolar que deveria ser um espaço para compartilhar conhecimentos, vivenciar boas experiências, debate, diálogo, se tornou um ambiente cada vez mais defasado, sem papel definido e desestimulante tanto para estudantes, quanto para professores.

Esse sistema coloca estudantes e professores em lados opostos, como verdadeiros inimigos, o que não é verdade, ambos são vítimas de um sistema educacional defasado.

Recentemente a Apeoesp divulgou uma pesquisa onde mostra dados reveladores sobre a violências nas escolas. A mesma pesquisa onde mostra que os estudantes são os principais agressores também mostra que eles são as principais vítimas e que as escolas que fazem algum tipo de campanha e traz essa discussão para a comunidade tem menores índices de casos de violência. As experiências nos mostram o caminho a seguir.

Está longe de fazer parte do conjunto de soluções para educação o policiamento e câmeras que cada vez mais vem fazendo parte do nosso cotidiano, uma violência não apenas contra os estudantes, mas também contra os professores.

A mesma pesquisa também mostra que apenas 5% dos professores acreditam que o policiamento é eficaz no combate e que escolas que realizam campanhas têm menor índice de violência. O caminho é o inverso do que se vem trilhando para o combate a violência nas escolas.

A escola tem um papel estratégico na garantia de direitos e qualidade da educação, deve ser entendida na perspectiva não apenas de transmitir o conhecimento, mas também de defender os direitos dos que a ela tem acesso. Embora tenhamos fatores externos atenuantes e que influenciam no comportamento do jovem no ambiente escolar, podemos encontrar soluções eficazes trabalhadas em conjunto com professores, estudantes, servidores e comunidade. 

Claro, não podemos apresentar uma receita de onde se vai ter resultado eficaz em todas as escolas, mas nas escolas onde possuem grêmios, conselhos escolares e gestão interativa com a comunidade têm-se no geral, resultados impactantes no combate a violência, aprendizado do conteúdo e professores mais valorizados e satisfeitos.

Construir uma educação transformadora, libertadora e emancipadora, é uma luta que deve ser travada por toda a sociedade, aqui não há dúvidas de que estudantes e professores marcham no mesmo caminho.

*É presidente da União Brasileira de Estudantes Secundaristas (Ubes)


Movimento contra redução da maioridade penal ganha força em São Paulo


Próxima reunião, aberta à participação popular, será na segunda-feira (10); grupo programa ato para quinta-feira (13)
por Sarah Fernandes, da RBA publicado 08/06/2013 10:25
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REPRODUÇÃO
Movimento contra redução da maioridade penal
Movimento quer sensibilizar parlamentares contra a proposta do senador Aloysio Nunes (PSDB)
São Paulo – Vereadores, conselheiros tutelares, representantes de subprefeituras e membros de organizações sociais de São Paulo criaram neste mês o Movimento Contra a Redução da Maioridade Penal. O objetivo é sensibilizar parlamentares a se posicionarem contra a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 33/2012, do senador Aloysio Nunes (PSDB), que prevê que adolescentes infratores com mais de 16 anos sejam encaminhados para o sistema penitenciário convencional.
A próxima reunião do grupo, com participação aberta, será na segunda-feira (10), às 14h, na Câmara Municipal de São Paulo. Na ocasião, serão organizados uma marcha pela cidade contra a proposta, prevista quinta-feira (13) e um grande debate sobre o tema no dia 20. O movimento já tem uma página no Facebook e no Twitter e em breve será criado um blog para divulgação de notícias.
Entre os vereadores integrantes do movimento estão Juliana Cardoso (PT), Toninho Vespoli (PSOL), Paulo Fiorilo (PT), Nabil Bondoki (PT) e Jair Tatto (PT). Também participam membros do Conselho Tutelar de São Paulo, da Pastoral do Menor, do Conselho Municipal da Criança e do Adolescente e Pastoral da Juventude da Arquidiocese de São Paulo.
“Nós não achamos que o adolescente infrator não deve ser responsabilizado. Não é isso. Ele deve, sim, pagar pelo que ele fez, mas não no sistema carcerário convencional, onde entra um aviãozinho (que vende pequenas quantidades de drogas aos usuários) e sai um traficante”, afirma a secretária do movimento, Luciana Koga, membro do Conselho Tutelar de Cidade Tiradentes, na zona leste.
“Queremos que as pessoas se perguntem: ‘A quem interessa a redução da maioridade penal?’”, disse Luciana. “E vocês já encontraram uma resposta?”, questionou a reportagem da RBA. “Sim. É o nosso governo estadual que está há 20 anos no poder e que, nesse tempo, devia ter promovido políticas públicas para a juventude.”
“Para termos uma ideia, semana passada fui acompanhar um menino de 11 anos que foi pego pela polícia por ter roubado um celular”, continuou Luciana. “Conheci a mãe dele, grávida pela 12ª vez, que me contou que em casa só havia um saco de arroz para comer. Fui levá-los até lá, um barraco bem em frente a uma biqueira de uma favela em Cidade Tiradentes. E eu os deixei ali. Que perspectivas essa criança tem? O que foi oferecido para essa família?”
Atualmente três propostas de emenda à Constituição sobre a possibilidade de punir infratores menores de 18 anos (PECs 33/2012, 74/2011 e 83/2011) tramitam na Comissão de Constituição e Justiça do Senado. O relator, senador Ricardo Ferraço (PMDB-ES), já emitiu parecer pela aprovação da PEC 33/2012 e pela rejeição das demais.
Pela proposta tucana, adolescentes com 16 anos seriam encaminhados para o sistema carcerário convencional nos casos de crimes hediondos, tráfico de drogas, tortura e terrorismo ou reincidência na prática de lesão corporal grave e roubo qualificado.
Caberá ao Ministério Público decidir sobre a medida, levando em consideração a conduta do adolescente infrator, seu histórico familiar, social, cultural e econômico.