terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

Países discutem medidas para erradicar a pobreza



RIO DE JANEIRO (AFP) – O Brasil acolhe pela primeira vez, desde segunda-feira 25, no Rio de Janeiro, uma conferência da Rede Mundial de Academias de Ciências (InterAcademy Panel, IAP), na qual participantes de 55 países se perguntam como utilizar a ciência para erradicar a pobreza e alcançar o desenvolvimento sustentável.
Crianças brincam em uma favela carioca. Foto: ©afp.com / Christophe Simon
Crianças brincam em uma favela carioca. Foto: ©afp.com / Christophe Simon
“É a chance de ouvir as vozes das academias de ciências do mundo, de ver, de discutir o papel da ciência para superar os principais desafios que a humanidade enfrenta”, disse nesta segunda-feira Marcello Barsciski, pesquisador do Instituto Fiocruz do Rio de Janeiro, durante o primeiro dia desta conferência de dois dias.
O tema da conferência está “em harmonia com as discussões de grandes fóruns internacionais, como a cúpula da ONU sobre meio ambiente Rio+20″ que ocorreu em junho de 2012, indicou.
A partir do documento “O futuro que queremos”, assinado em junho de 2012 no Rio, a IAP organizou sua reunião para encontrar soluções para o bem-estar da humanidade e a favor do desenvolvimento sustentável, ressaltou Eduardo Krieger, da Academia Brasileira de Ciências.
Jorge Chediek, representante no Brasil do Programa da ONU para o Desenvolvimento (PNUD), sustentou que “esta conferência é importante porque temos uma agenda até 2015, mas nada previsto para depois” desta data.
A Declaração do Milênio da ONU (em 2000) e os Objetivos do Milênio (2001) tinham como meta eliminar a pobreza extrema no mundo para 2015, lembrou.
“A ciência tem um papel a desempenhar; sabemos que devemos modificar o caminho do desenvolvimento e isso envolve mudar o caminho da civilização e mostrar ao mundo um caminho melhor”, considerou Chediek.
Outras discussões entre os 64 cientistas presentes versarão sobre segurança alimentar, mudanças climáticas e energia sustentável.
A IAP foi criada em 1993 e reúne 106 academias no mundo. As conferências são realizadas a cada três anos e o principal objetivo da IAP é ajudar as academias-membro a trabalhar juntas para aconselhar os cidadãos e os governos de seus países sobre aspectos científicos dos problemas mundiais.

MPF vai apurar se escolas incluíram história da cultura afro-brasileira na grade curricular


Por: Flávia Bernardes
26/02/2013
O Ministério Público Federal do Estado (MPF-ES) quer saber quais escolas públicas federais estão cumprindo a Lei 10.639/03, que prevê a inclusão da matéria “História e Cultura Afro-Brasileira” na grade curricular. O órgão abriu um inquérito administrativo para apurar se a lei vem sendo cumprida no Estado.

Aprovada há dez anos, a lei prevê o ensino da história da África, dos africanos, da luta dos negros no Brasil, da cultura negra brasileira e da história do negro na formação da sociedade nacional nas escolas.

Porém, o objetivo de resgatar a contribuição do negro nas áreas social, econômica e política pertinentes à História do Brasil não vêm sendo alcançado, sobretudo, quando o assunto é a inserção desses assuntos nas áreas de educação artística e literatura.

Para o presidente da Comissão de Igualdade Racial da seccional capixaba da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-ES), José Roberto Andrade, a iniciativa do MPF é positiva e aguardada pelos movimentos que atuam em defesa da igualdade racial. Ele afirmou que a entidade irá acompanhar a ação do órgão.

Embora o preconceito racial esteja na estrutura da sociedade brasileira, especialistas acreditam que o cumprimento da lei possa reforçar a importância do negro na história do País, combatendo o modelo tradicional de educar que teria reforçado as desigualdades educacionais entre brancos e negros no País, deixando os negros em grande desvantagem no ensino fundamental, médio e superior ao longo das décadas.

Entre os pontos apontados como entrave para o cumprimento da lei estão a falta de qualificação dos professores e até de material didático para as aulas.

Fonte: SECULODIARIO

Combate ao tráfico de pessoas irá além da exploração sexual

Novo plano anunciado hoje pelo governo quer enquadrar também trabalho escravo e retirada de órgãos, entre outros crimes
Publicado em 26/02/2013, 15:27
Última atualização às 16:19
Combate ao tráfico de pessoas irá além da exploração sexual
José Eduardo Cardozo (Justiça) e Maria do Rosário (Direitos Humanos) durante o anúncio do Plano (Foto: Elza Fiúza/ABr)
São Paulo – O governo federal vai expandir o combate ao tráfico de pessoas para além da exploração sexual, segundo anunciaram o hoje (26) o ministério da Justiça e as secretarias de Direitos Humanos e de Políticas para as Mulheres.
O 2º Plano de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas, lançado em Brasília pela manhã, inclui um pacote de leis que tipifica como crime o tráfico também para trabalho escravo, doméstico, de criança e para retirada de órgãos humanos.
“É um desejo nosso que os projetos tenham um rápido andamento no Congresso. Vamos falar com os presidentes da Câmara e do Senado para pedir urgência na tramitação”, afirmou o ministro da Justiça José Eduardo Cardoso. Outro ponto ressaltado por ele foi a elaboração de um projeto que garanta punição mais rigorosa aos criminosos
“Na legislação brasileira, conseguimos moldar o trafico com fins de explora sexual, mas não tratamos de outras modalidades de tráficos de seres humanos, o que é muito sério. Precisamos estar de acordo com o Protocolo de Palermo”, disse a ministra dos Direitos Humanos, Maria do Rosário.
O protocolo de Palermo é um documento da Organização das Nações Unidas (ONU), de 2000, que define internacionalmente o crime de tráfico de pessoas como o “recrutamento, o transporte, a transferência, o alojamento ou o acolhimento de pessoas, recorrendo à ameaça ou uso da força ou a outras formas de coação, ao rapto, à fraude, ao engano, ao abuso de autoridade ou à situação de vulnerabilidade ou à entrega ou aceitação de pagamentos ou benefícios para obter o consentimento de uma pessoa que tenha autoridade sobre outra para fins de exploração".
Referindo à novela “Salve Jorge”, da Rede Globo, que tem como temática central o tráfico de mulheres, a ministra de Mulheres, Eleonora Menicucci, disse que “o que passa novela é muito pouco”. Maria do Rosário destacou que o tráfico de pessoas é uma crime “uma violação absoluta" aos direitos humanos. "Desterritorializar uma pessoa é uma forma de dominação total”.
Cardozo ressaltou a importância de denúncias pelo Disque 100 e Disque 180. O primeiro (100) é para casos de violência e o abuso contra crianças e adolescente. O segundo (180), uma central de atendimento em favor das mulheres. 
Ele também falou sobre a capacitação dos profissionais que lidam com as vítimas.
“O crime é difícil de ser combatido, porque é tido como crime subterrâneo, as pessoas não percebem que está ocorrendo. As vítimas não denunciam porque tem medo ou vergonha. Todos os agentes devem estar capacitados para poder cuidar desse tipo de crime. As informações precisam chegar à Polícia Federal e aos órgãos públicos.”

Metas

Segundo dados do Ministério da Justiça, entre 2005 e 2011 a Polícia Federal instaurou 157 inquéritos e indiciou 381 pessoas relacionados ao tráfico internacional de pessoas para exploração sexual.
Os números são de um relatório feito pelo MJ em parceria com a ONU. Segundo o documento, menos da metade dos crimes investigados levou à prisão dos responsáveis. 
As metas dos planos estão elaboradas em torno de cinco eixos: ampliação e aperfeiçoamento da atuação dos órgãos envolvidos ao tráfico de pessoas; fomentar a cooperação entre os órgãos públicos, organizações da sociedade civil e organismos internacionais; reduzir as situações de vulnerabilidade ao tráfico de pessoas; capacitar profissionais e instituições envolvidas com o combate ao tráfico; e produzir e disseminar informações.
Entre as metas está a criação de mais dez postos de atendimento em cidades de fronteira; a perda dos bens dos envolvidos com o tráfico de pessoas; criação de novas delegacias especializadas no combate a crimes contra os direitos humanos; e mais 20 Centros de Referência Especializados no atendimento a mulheres vítimas do tráfico. 

Casamento civil homoafetivo começa a valer sexta-feira em São Paulo

Norma do Tribunal de Justiça de São Paulo exige que os cartórios realizem casamentos entre pessoas do mesmo sexo pela mesma regras dos heterossexuais
Publicado em 26/02/2013, 14:52
Última atualização às 15:14
Casamento civil homoafetivo começa a valer sexta-feira em São Paulo
Luta pelos direitos de cidadãos homoafetivos avança em SP, com casamentos legais em todos os cartórios realizarem casamentos (Mauricio Morais/RBA)
São Paulo – A norma que determina a realização do casamento civil entre pessoas do mesmo sexo em todos os cartórios do estado de São Paulo, sem a necessidade de decisão judicial, entra em vigor na próxima sexta-feira (1). Ela estabelece que o casamento civil homoafetivo respeitará as mesmas regras existentes para o casamento heterossexual, assim como dará os mesmos direitos e benefícios sociais a ambos os cônjuges.
Segundo o advogado especializado em direito homoafetivo Paulo Iotti, membro do Grupo de Advogados pela Diversidade Sexual, nenhum cartório pode descumprir a determinação. “Por estar amparada em uma decisão do Supremo Tribunal Federal, que cria jurisprudência, não é necessário uma lei específica. A norma tem poder de regulamentação da função dos cartórios e nenhum destes pode recusar a habilitação do casamento civil homoafetivo, como não pode recusar a união heterossexual”, explica.
Desse modo, não será mais preciso aos casais homossexuais registrar a união estável para depois solicitar a conversão em casamento. Também não haverá necessidade de recorrer à Justiça para garantir o casamento ou converter a união. Basta ir ao cartório de registro de pessoas naturais, na região onde o casal vive, e solicitar a habilitação para o casamento.
O advogado lembra que, embora não esteja tratado na normativa, a realização de eventuais divórcios é uma consequência natural do direito de se casar. “Como em qualquer casamento sempre se considerou a possibilidade do divórcio, agora não será diferente. Valem as mesmas regras.”
A normativa, promulgada no Diário Eletrônico da Justiça de São Paulo em 18 de dezembro do ano passado, deveria ter entrado em vigor em 18 de fevereiro, mas foi adiada para dar tempo aos cartórios se adequarem. Desde 2011, com o reconhecimento da união civil homoafetiva pelo Supremo Tribunal Federal, que equiparou as uniões entre heterossexuais ou homossexuais, milhares de casamentos já foram realizados em todo o país. Bahia, Alagoas e Piauí já possuem legislações semelhantes à que entrará em vigor em São Paulo.

Verão Pedagógico CRE Recanto das Emas


Parlamento cubano será dirigido por um afrodescendente


25/02/2013 | Publicado por dennisoliveira em Sem categoria


Esteban Lazo Hernandes é o novo presidente da Assembléia Nacional do Poder Popular , o parlamento cubano. Em um país com 70% da sua população negra, é o primeiro afrocubano a assumir tal cargo. Hernandes foi cortador de cana, operário de moinho e é formado em Economia. Segundo o presidente de Cuba, Raul Castro, 37,9% do parlamento é formado por afrocubanos. No Conselho de Estado, a participação de afros é de 38,6%.
Estas informações constam do discurso proferido por Raul Castro, por ocasião da sua reeleição para presidente do Conselho de Estado e de Ministros em Cuba (clique aqui para ler). A questão racial sempre foi escondida em Cuba, em função da visão esquemática de que as questões de classe resolvem, de imediato, o preconceito e o racismo. A realidade mostra outra coisa. O fato de que apenas 38% dos órgãos de poder serem compostos por afrodescendentes demonstra que, mesmo com uma proposta política centrada na igualdade social, o não enfrentamento das especificidades do preconceito e do racismo – principalmente em sociedades marcadas pela escravização de africanos e colonizadas – o perpetua.
Mais que a presença de Hernandes a frente do parlamento, é positivo que a temática racial esteja presente, pela primeira vez, no discurso do presidente cubano.
Esteban Hernandez será o presidente da Assembléia Nacional do Poder Popular de Cuba

Versão palestina de vídeo de Gangnam Style adota tom trágico


A versão feita em Gaza mostra a crua realidade que a população palestina sofre sob a ocupação de Israel e o rígido bloqueio ao qual está submetida a Faixa de Gaza há anos
Por Eva Bartlett, da IPS/Envolverde
“Queríamos fazer algo para chamar a atenção para a difícil situação dos presos políticos palestinos, dos quais cinco mil estão em prisões israelenses, alguns em greve de fome e outros são crianças e mulheres”, explicou Mohannad Barakat, de 30 anos. Ele é um dos sete moradores de Gaza que fizeram a versão palestina do popular vídeo da canção Gangnam Style, do sul-coreano Psy, que já tem milhões de reproduções no Youtube. A versão feita em Gaza (http://www.youtube.com/watch?v=bW7PN9fn9PQ) mostra a crua realidade que a população palestina sofre sob a ocupação de Israel e o rígido bloqueio ao qual está submetida a Faixa de Gaza há anos.
“Queríamos contar ao mundo as circunstâncias impossíveis sob as quais vivemos, que nosso aeroporto foi destruído, que nossos pescadores não podem ir para o mar, que metade de nossa população não tem trabalho, que usamos túneis em lugar de passagens fronteiriças e burros porque o combustível é escasso”, afirmou Barakat. Esta nova versão do vídeo destaca alguns dos problemas mais angustiantes de Gaza, como cortes de energia elétrica, escassez de combustível, falta de liberdade de movimento e desemprego.
Vestidos de negro com as cabeças cobertas por kufiyyas, o tradicional pano branco e negro, cinco homens e dois meninos dançam uma fusão de Gangnam Style e dabke, a dança enérgica típica de muitos países árabes. O vídeo, de quatro minutos e meio de duração, mostra a costa de Gaza, contaminada pelo lançamento diário de 90 milhões de litros de esgoto sem tratamento, os postos de combustível, mas sem ele, os túneis utilizados como passagem fronteiriça, por onde entram os materiais de construção proibidos pelas autoridades israelenses e várias vezes bombardeados.
A explosão que aparece no vídeo original é muito adequada para a versão palestina, pois houve duas grandes ofensivas israelenses contra a Faixa de Gaza nos últimos quatro anos, além de outros numerosos ataques, anteriormente e entre as duas incursões. Os moradores de Gaza estão muito familiarizados com os bombardeios.
Wassim Abu Shabaan, de dez anos, é uma das crianças que aparecem no vídeo, e também é uma das milhares cujas casas foram destruídas por bombardeios e tratores israelenses nos últimos anos. “Toda a casa foi destruída, tudo ficou destruído, nosso computador, meu quarto, nossa roupa, tudo”, contou o menino se referindo ao bombardeio israelense de 2009. “As crianças palestinas podem reconhecer um avião de combate F-15 e um F-16, e os drones (não tripulados) com mísseis e, ainda, os de vigilância, apenas pelo som de cada um”, detalhou Barakat.
No ataque israelense de novembro de 2012 contra Gaza, os aviões de combate bombardearam o estádio palestino, um dos poucos lugares para espetáculos esportivos e onde treinavam atletas deficientes. Gagnam Gaza Style mostra a destruição do local com os cinco homens e as duas crianças entrando nele levando uma bola de futebol e encontrando as ruínas.
O Programa de Saúde Mental da Comunidade de Gaza constatou, em 2009, que 91% das crianças locais sofriam estresse pós-traumático de moderado a severo. Os menores constituem cerca de metade dos 1,7 milhão de habitantes da Faixa de Gaza. “Todos nós somos afetados pelo sítio e pelas várias guerras de Israel contra Gaza. Todos temos problemas psicológicos por vivermos nestas circunstâncias. Não havíamos nos recuperado da ofensiva de 2009 quando vieram os ataques de 2012”, contou Barakat.
A infraestrutura de Gaza tampouco havia se recuperado dos ataques ou do sítio. Os hospitais enfrentam uma constante falta de medicamentos essenciais e de outros suprimentos, e as escolas sofrem uma grave superpopulação. A maioria delas funciona em dois ou mesmo três turnos para poder atender os estudantes.
Desde 2006, quando Israel bombardeou a única usina de geração elétrica de Gaza, toda a Faixa ficou sem eletricidade, nos piores anos com cortes de 18 a 20 horas, e agora com interrupções programadas de oito horas com luz e oito horas no escuro. “Estamos no século 21, mas Gaza continua sem eletricidade”, pontuou Barakat. “O uso de velas e geradores dentro das casas durante os cortes de energia causou muitos incêndios e mortes por envenenamento com monóxido de carbono nos últimos anos”, acrescentou.
Agora, este território tem outro grande problema, que é a falta de gás para cozinha, a gravidade aumenta em especial nos duros meses de inverno quando os alimentos e as bebidas quentes ajudam a compensar a falta de calefação nas casas, que não costumam ter bom isolamento. Além disso, o problema do tratamento do esgoto ainda não foi resolvido pela falta de material de construção para ampliar velhas instalações.
A combinação de cortes de energia e, em especial, a falta de água potável são os principais elementos que contribuem para uma crise hídrica em Gaza, onde 95% da água é imprópria para beber, segundo padrões da Organização Mundial da Saúde (OMS). Um estudo da Organização das Nações Unidas (ONU) de 2012, intitulado Gaza 2020: um lugar habitável?, prevê que o aquífero, já superexplorado e com pouca água, deixará de ser uma fonte de abastecimento em 2016.
Desde 2008, morreram pelo menos 81 pacientes por atraso em traslados médicos, segundo a OMS. Por sua vez, as autoridades palestinas informaram em 2012 que 400 pacientes com problemas renais estavam em risco por falta de equipamentos essenciais para fazer hemodiálise. A organização britânica Assistência Médica para os Palestinos (MAP) informou que 10% das crianças menores de cinco anos sofriam desnutrição crônica e que a anemia proliferava entre as grávidas.
Desde 2007, o exército de Israel matou 2.300 palestinos, segundo um informe do Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários, publicado em junho de 2012. O documento não inclui os mortos durante o ataque de novembro. A maioria dessas mortes, bem como das 7.700 pessoas feridas, ocorreram ao longo da fronteira de Gaza e no mar, onde agricultores e pescadores são atacados enquanto trabalham.
A zona de contenção delimitada por Israel restringe o acesso da população de Gaza a 35% das terras cultiváveis, o que tem grande impacto em sua economia e nas suas fontes de alimentos. A maioria dos jovens do vídeo Gangnam Gaza Style estudou ou cursa o terceiro grau, mas quase todos estão desempregados. O vídeo foi feito em duas semanas com a câmera de um telefone celular e seu custo foi de US$ 100. “A maior parte para táxi e cartão telefônico”, detalhou Barakat.

Limpeza étnica em Israel


Israel tem praticado a contracepção forçada contra etíopes que professam a religião judaica
Por Baby Siqueira Abrão, correspondente no Oriente Médio para o Brasil de Fato
Mãe e filha judias de origem etíope passam por entrevista no aeroporto israelense Ben Gurion, perto de Tel Aviv (Foto: Brasil de Fato)
O reconhecimento, por parte das autoridades israelenses, da esterilização das mulheres etíopes que professam a religião judaica – e que migram para Israel usando a “lei do retorno” (allyah), segundo a qual todo judeu do mundo pode “voltar” a Israel, mesmo que jamais tenha posto os pés lá – foi manchete em quase toda a mídia internacional, corporativa e independente. A questão levantou debates intensos em círculos feministas, de direitos humanos, dos direitos da população negra e na sociedade israelense. Uma leitura atenta das cartas dos leitores publicadas na mídia de Israel mostra uma maioria perplexa e crítica, mas houve também quem defendesse a esterilização, e não foram poucos – espelho de uma sociedade política, econômica, social, religiosa e culturalmente bastante diversificada. E dividida.
Mas com um novo Parlamento tomando posse e discussões em torno do futuro primeiro-ministro – Benjamin Netanyhau deve ser eleito para seu segundo mandato consecutivo, e o terceiro não consecutivo –, além do tema recorrente da “ameaça” representada pelo Irã atômico e da “necessidade” de impedir que os iranianos fabriquem bombas nucleares, acabaram pondo um ponto final no debate sobre a esterilização. Mas isso não significa esquecê-lo. O fato levantou questões importantes sobre o tratamento dispensado a imigrantes pobres e negros – e em particular às mulheres desse grupo. O debate precisa ser retomado pelas sociedades israelense e internacional para evitar que práticas assim, que violam direitos humanos básicos, voltem a ocorrer.
Primeiro alerta
Na última década, a taxa de natalidade entre as mulheres etíopes de Israel teve uma queda de 50%. Há mais de cinco anos a hipótese da esterilização veio à tona, em consequência dos relatos das etíopes. Pequena parte da mídia israelense noticiou o fato, mas as autoridades de Israel sempre o negaram. Foi o trabalho da pesquisadora Sabba Reuven, levado ao ar pela jornalista Gal Gabay no programa Vacuum, da TV Educativa de Israel, que escancarou o fato, no início de dezembro de 2012.
As entrevistadas foram claras: são obrigadas a tomar, a cada três meses, as injeções de Depo-Provera, anticoncepcional cujo efeito é de longo prazo. Vacuum chegou a acompanhar uma delas ao posto de saúde – a filmagem, feita sem o conhecimento dos funcionários, tem baixa qualidade e está nublada para evitar o reconhecimento das pessoas envolvidas, mas ainda assim registra a prática.
O problema maior é que a verdade jamais foi dita a essas mulheres. A esterilização, segundo os relatos delas, começa na Etiópia, nos “campos de trânsito”, nome dos locais para onde são levados os judeus africanos que querem emigrar para Israel. “Entre 1980 e 1990 milhares de judeus etíopes passaram meses nesses campos, na Etiópia e no Sudão”, escreveu Efrat Yardai, porta-voz da Associação Israelense de Judeus Etíopes, em artigo para o jornal Haaretz. “Centenas morreram apenas porque o país que supostamente devia ser um refúgio seguro para os judeus decidiu que ainda não era a hora certa, ou que eles não poderiam ser absorvidos ao mesmo tempo, ou que não eram judeus o bastante… Quem já tinha ouvido falar de judeus negros?”, ela provoca.
Vida controlada
Para Efrat, as injeções de Depo-Provera são parte da atitude do governo israelense em relação aos imigrantes africanos. Hoje em dia, nos campos de trânsito, os futuros imigrantes são obrigados a enfrentar “uma desorganização burocrática terrível, uma carga que lhes é imposta para que provem que estão aptos a viver em Israel”. Ao chegar ao novo país, de acordo com Efrat, eles passam a receber “tratamento” em centros de assimilação. As crianças são enviadas a escolas religiosas e incluídas num programa de educação “especial”, enquanto os pais “permanecem em guetos e as mulheres continuam a receber as injeções. [As autoridades] dizem que não temos escolha. As políticas repressivas, racistas e paternalistas prosseguem – políticas que supostamente seriam no melhor interesse dos imigrantes, que não sabem o que é melhor para eles”, ironiza ela.
Efrat vai além, afirmando que esse controle completo sobre a vida dos imigrantes é feito apenas em relação aos etíopes e impede que eles se adaptem a Israel. “A desculpa de que eles precisam estar preparados para viver num país moderno levam-nos a um processo de lavagem cerebral que os torna dependentes das instituições estatais de assimilação”, denuncia a porta-voz.
As entrevistadas de Gal Gabay sustentam as denúncias de Efrat Yardai. “Em Adis Abeba [Etiópia] eles marcaram uma reunião conosco (…) Disseram que, se continuássemos tendo muitos filhos, não conseguiríamos emprego em Israel. (…) Disseram que as injeções seriam dadas para evitar esse sofrimento, e que a cada três meses tínhamos de tomá-las”, contou uma imigrante. “E vocês aceitaram tomá-las?”, perguntou a jornalista. “Não. Nós não queríamos tomar. Recusamos. Mas eles disseram que não tínhamos escolha.”
Contracepção forçada
Nenhuma das etíopes sabia qual era a substância injetada em seus corpos. Ninguém as avisou de que o Depo-Provera é um anticoncepcional aplicado apenas em último caso, como na esterilização de mulheres aprisionadas ou que não têm controle sobre as próprias ações. Tampouco lhes contaram que o Depo-Provera tem um histórico nada recomendável. Entre 1967 e 1978 a substância foi injetada em 13 mil mulheres (metade negras) da Geórgia, Estados Unidos, que também não sabiam que eram cobaias. Muitas adoeceram e algumas acabaram morrendo durante o experimento, de acordo com uma pesquisa realizada em 2009 pela Isha L’Isha, organização feminista sediada em Haifa, Israel. A mesma pesquisa apontou que 60% das injeções de Depo-Provera, em Israel, são destinadas às etíopes. O segundo grupo mais visado é o de mulheres sob várias formas de custódia. Os efeitos colaterais variam, mas o mais comum é a osteoporose, que fragiliza os ossos e expõe as mulheres ao risco de quebrá-los com frequência.
Coordenadora do projeto Mulheres e Tecnologias Médicas da Isha, Hedva Eyal afirmou que o documento foi encarado com desinteresse pelas autoridades do país e que muitos “batiam a porta na cara” das integrantes da organização. “É estarrecedor constatar como os testemunhos das mulheres são rejeitados, em especial os das mulheres pobres e negras”, desabafa Hedva. As autoridades não levam em contam que “as decisões sobre a saúde e a fertilidade das mulheres podem e devem ser tomadas apenas por elas”, que para isso precisam ter acesso pleno a todas as informações importantes sobre o assunto. “Mas não foi esse o caso, ao que parece”, afirma ela.

Muito Além do Peso


(Way Beyond Weight)
84', cor, censura livre.

Obesidade, a maior epidemia infantil da história.

"Um filme obrigatório para qualquer pessoa que se importe com a saúde das nossas crianças" Jamie Oliver

Pela primeira vez na história da raça humana, crianças apresentam sintomas de doenças de adultos. Problemas de coração, respiração, depressão e diabetes tipo 2.
Todos têm em sua base a obesidade.
O documentário discute por que 33% das crianças brasileiras pesam mais do que deviam. As respostas envolvem a indústria, o governo, os pais, as escolas e a publicidade. Com histórias reais e alarmantes, o filme promove uma discussão sobre a obesidade infantil no Brasil e no mundo.

com
Jamie Oliver, Amit Goswami, Frei Betto, Ann Cooper, William Dietz, Walmir Coutinho, entre outros.
Direção: Estela Renner
Produção Executiva: Marcos Nisti
Direção de Produção: Juliana Borges
Fotografia: Renata Ursaia
Montagem: Jordana Berg
Projeto Gráfico: Birdo
Trilha Sonora: Luiz Macedo
Produção: Maria Farinha Filmes
Patrocínio: Instituto Alana

Comissão da Verdade: 50 mil pessoas tiveram direitos violados durante a ditadura

Em reunião realizada em Brasília, CNV diz ter ouvido 12 agentes da repressão
Publicado em 25/02/2013, 19:20
Última atualização às 20:02
Comissão da Verdade: 50 mil pessoas tiveram direitos violados durante a ditadura
Comissão de São Paulo fez audiência hoje sobre o caso do operário Virgílio Gomes da Silva, militante da Aliança Libertadora Nacional, preso no dia 29 de setembro de 1969 (Foto: Marcelo Camargo/ABr)
 São Paulo – Cinquenta mil pessoas foram atingidas de alguma maneira e tiveram direitos violados pela repressão durante a ditadura (1964-1985), aponta levantamento da Comissão Nacional da Verdade, que se reuniu hoje (25), em Brasília, com comissões estaduais e institucionais. Esse número inclui presos, exilados e torturados, além de familiares que perderam parentes e pessoas que sofreram algum tipo de perseguição. Um dos grupos de trabalho da CNV informou que já colheu 40 depoimentos, entre os quais de 12 agentes da repressão.
De acordo com o novo coordenador da comissão, Paulo Sérgio Pinheiro, que assumiu o cargo no dia 16, até agora foram examinados “por baixo” 30 milhões de páginas de documentos e também foram realizadas centenas de entrevistas. Pelo volume de informações, ele estima que a comissão deverá continuar pesquisando até o final do ano, quando terá um esboço do relatório final. “O relatório tem de estar nas mãos da presidenta da República (Dilma Rousseff) até dia 16 de maio (do ano que vem). Em princípio, acordamos entre nós que até dezembro a grande minuta do relatório tem de estar pronta”, afirmou.
A CNV também assinou acordos de cooperação com a Associação Nacional de História (Anpuh), com o Conselho Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação em Direito (Conpedi), a Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) e o Sindicato dos Petroleiros do Rio de Janeiro. Desde maio do ano passado, quando foi criada, a comissão havia firmado acordo com 12 instituições.
“A colaboração entre a CNV e outras comissões da verdade e entidades que lutam pela memória e verdade é decisiva para nosso trabalho, principalmente visando ao relatório final que iremos apresentar em 2014", disse Pinheiro. “Estamos compartilhando nossa metodologia, nossa estratégia com uma ampla gama de comissões da verdade já criadas, algumas em criação e outros grupos que estão em processo de criação de suas comissões.”
A Comissão da Verdade dos Jornalistas informou que o número de casos já levantados de profissionais mortos pela ditadura, hoje em 16, vai aumentar. “Recebemos informações de outras investigações que apontam 24 jornalistas”, disse Rose Nogueira, representante da comissão.
A comissão nacional recebeu da Petrobras recentemente mais de 400 rolos de microfilmes, entre outros documentos. O material ajudará a CNV a analisar como a ditadura monitorava trabalhadores da estatal.
A Comissão da Verdade de São Paulo quer que o Itamaraty solicite ao governo dos Estados Unidos informações sobre Claris Halliwell, adido no consulado americano em São Paulo, que ia com frequência à sede do Dops na primeira metade dos anos 1970, conforme documentos obtidos no Arquivo Público do Estado. O pedido formal foi feito hoje. Amanhã, na Assembleia Legislativa, a comissão promove a partir das 10h audiência pública para discutir três casos de vítimas da repressão:  Honestino Monteiro Guimarães, José Maria Ferreira Araújo e Paulo Stuart Wright.
A próxima reunião da comissão nacional está marcada para 4 de março.

FAO: Quase 60% das crianças trabalhadoras estão na agricultura


Por: Agência Brasil, com reportagem da Agência Lusa
Publicado em 25/02/2013, 13:21
Última atualização às 14:02

FAO: Quase 60% das crianças trabalhadoras estão na agricultura
Crianças em atividades de produção agrícola e pecuária vivem em situação de vulnerabilidade,diz FAO (©Folhapress/Arquivo RBA)
Brasília – Quase 60% das crianças envolvidas em trabalho infantil estão na agricultura, um dos setores considerados mais perigosos. Além disso, há meninos e meninas a partir dos 5 anos trabalhando na atividade pastoril. Os dados fazem parte de relatório divulgado hoje (25) pela Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO).
Intitulado Trabalho Infantil na Pecuária, o documento conclui que pouco se sabe sobre o envolvimento das crianças nessa atividade, em que a participação dos menores é comum cultural e tradicionalmente.
Embora reconheça que a participação na agricultura pode ser um fator normal do crescimento, desde que em tarefas adequadas à idade, que não tenham riscos para a saúde e que não interfiram no tempo necessário para estudar e brincar, a FAO ressalta que muito do trabalho das crianças na pecuária pode ser classificado como trabalho infantil.
"É provável que seja perigoso, que interfira na educação da criança e que seja prejudicial à saúde e ao desenvolvimento físico, mental, espiritual, moral ou social", diz o texto.
O relatório, baseado em pesquisa bibliográfica e em uma consulta a organizações e especialistas, cita "uma série de estudos de caso" focados em países específicos que mostram que o trabalho infantil na atividade pastoril - a mais documentada de todas as atividades infantis na agricultura - "pode começar muito cedo, entre os 5 e os 7 anos".
A FAO manifesta uma "particular preocupação com o fato de algumas crianças serem traficadas dentro do país ou para outro país em atividades [forçadas] de pastoreio".
As condições de trabalho das crianças que pastoreiam o gado variam bastante, destaca o relatório. Segundo o texto, algumas delas podem fazê-lo algumas horas por semana sem deixar de frequentar a escola, mas outras passam dias seguidos naquela atividade, às vezes longe de casa, e sem qualquer possibilidade de escolaridade.
"Em muitas situações, a natureza do trabalho das crianças na pecuária dificulta a frequência da escola formal e os riscos e as condições envolvidos tornam-no a pior forma de trabalho infantil", ressalta.
O relatório cita como prejuízos ao desenvolvimento das crianças ligadas à atividade os riscos de doenças relacionadas com animais, problemas de saúde devido aos longos horários de trabalho em condições extremas, ou ao uso de químicos, além dos fatores psicológicos associados ao medo dos castigos dos empregadores e ao sentimento de responsabilidade com o capital familiar.
“A redução do trabalho infantil na agricultura não é apenas uma questão de direitos humanos, já que também contribui para promover a verdadeira sustentabilidade do desenvolvimento rural e da segurança alimentar”, disse o diretor-geral adjunto do Departamento de Desenvolvimento Econômico e Social da FAO, Jomo Sundaram.
Para ele, “a crescente importância da pecuária na agricultura significa que os esforços para reduzir o trabalho infantil devem concentrar-se sobretudo nos fatores que conduzem a trabalhos prejudiciais ou perigosos para as crianças e, ao mesmo tempo, devem respeitar e proteger os meios de subsistência das famílias rurais pobres”, destacou Sundaram.
Um dos setores agrícolas de maior crescimento, a pecuária representa 40% da economia agrícola e é uma fonte de rendimentos e de segurança alimentar para 70% dos 880 milhões de pobres no mundo rural que vivem com menos de um dólar por dia, ressalta a FAO.
No relatório, a organização apela à academia para que faça mais estudos sobre essa realidade e recomenda aos governos que apertem a malha legal para diminuir o trabalho infantil na pecuária. A FAO também pede às associações de produtores, de patrões e de trabalhadores empenho na sensibilização das populações e cobra das empresas e multinacionais que garantam que não há crianças envolvidas em trabalho infantil nas suas cadeias de abastecimento.

O Brasil negro e as tendências para 2013, por Athayde Motta


Por: Postado por Instituto Mídia Étnica
25/02/2013
ATHAYDEMOTTA
Diretor do Fundo Baobá para Equidade Racial, mestre em antropologia pela Universidade do Texas, em Austin (EUA)

Nos anais da história, 2012 poderá ser lembrado como o ano em que decisões e mudanças inéditas deram importantes contribuições para a promoção da igualdade racial no Brasil. Refletir e escrever sobre tais eventos ao fim de cada ano deveria ser nosso passatempo preferido, pois é também uma maneira de registrar a história a partir de olhares diferentes e múltiplos.

Como é bem sabido, mas pouco reconhecido, a população negra tem sido a principal responsável por sua liberdade, inclusão e conquista da igualdade. Quem lhes nega esse papel viola a história da própria nação. A maioria das organizações da sociedade civil (OSCs) negras trabalha em condições precárias e sob pressão constante dos “democratas raciais”. Isso torna ainda mais importante a decisão unânime do Supremo Tribunal Federal sobre a constitucionalidade do sistema de cotas.

No entanto, a imprensa priorizou uma abordagem sensacionalista, que deu espaço para declarações tresloucadas em que o próprio STF foi acusado de rasgar a Constituição, uma clara opção pela mediocridade do status quo. Após essa decisão histórica, poderia ter-se falado das primeiras turmas de cotistas que já se formaram e que mostraram ser capazes de continuar na universidade, com médias superiores às dos estudantes meritocratas. Essa falsa disputa corre o risco de ser levada para o mercado de trabalho, em vez de forjar laços de solidariedade entre estudantes de classes e raças diferentes, que poderiam construir juntos uma sociedade mais igual.

O Plano de Prevenção à Violência contra a Juventude Negra foi lançado em 2012 e já tem projetos de expansão para este ano. A proposta é mobilizar a sociedade civil para que se cobrem medidas efetivas para reduzir o número de mortes entre jovens negros. Segundo o Ministério da Saúde, em 2010, das 49,9 mil vítimas de homicídios, 76,6% eram jovens pretos e pardos e 91,3% eram homens. Se a violência urbana é um problema de toda a sociedade, ela mata preferencialmente alguns e não outros. Quando São Paulo decide proibir que civis feridos em conflitos armados com a polícia sejam transportados pela própria polícia, tenta-se garantir o direito à vida, que deveria ser universal.

Embora não haja estatísticas, nunca a população negra esteve tão presente em publicações tão variadas, trazendo um pouco mais da diversidade real da sociedade. Em alguns casos, o que se vê é uma imagem estereotipada, de gosto duvidoso e impacto negativo sobre a autoestima de homens, mulheres e crianças negras. Em outros, a prioridade é o estímulo ao consumo, quase sempre acompanhado pela negação ou falta de valores morais e de cidadania. Em casos raros, no entanto, ocorre o fortalecimento positivo da imagem do negro. Um dos exemplos é o lutador Anderson Silva, cuja personalidade versátil valoriza o papel de um companheiro.

Essa mudança nas imagens produzidas no país estão ligadas à existência de uma parcela significativa da população negra que ascendeu à classe C, também denominada nova classe média. Segundo dados da Secretaria de Assuntos Estratégicos (SAE), aproximadamente 80% dos integrantes desse grupo emergente são negros, uma ascensão social limitada, que pode até não se consolidar, mas ainda assim um fato tão raro na história do país que confunde estudiosos, analistas e palpiteiros de todos os matizes políticos.

Embora positiva, também está claro que essa ascensão social precisa ser garantida por meio de políticas públicas voltadas para a criação de empregos que proporcionem maior renda e consolidem a posição desse grupo. Sem isso, o governo estará, mais uma vez, utilizando a população negra como marionete em uma fantasia que já foi chamada, no passado, de democracia racial.

Finalmente, não há dúvidas de que o homem do ano é Joaquim Barbosa, negro brilhante, de origem humilde, que venceu todas as dificuldades para se tornar o líder da Corte Suprema do país. Em nenhum momento, Barbosa permite que sua imagem seja explorada como alguém tão excepcional que reduz o racismo a uma eventualidade sem maior importância. Pelo contrário, ele inspira jovens negros tanto por sua inteligência excepcional como por sua dedicação, esforço e porque fez bom uso das oportunidades que teve. Nem todos poderão ser Joaquim Barbosa, mas todos merecem oportunidades e o apoio necessário para que sejam bem-sucedidos.

Ainda que homens e mulheres negros possam não ser reconhecidos como heróis e heroínas que são, fica o otimismo de um 2013 com ações mais intensificadas, com avanços mais significativos e conquistas realmente transformadoras para grandes parcelas da população negra.



Fonte: CORREIO NAGÔ

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

Sinpro DF apoia luta contra a homofobia


25/02/2013 - 16h42

A Universidade de Brasília (UnB) foi palco de mais um caso de homofobia. Na última semana uma estudante de agronomia foi espancada em um dos estacionamentos do campus. Segundo a vítima, entre murros e chutes os agressores gritavam frases ofensivas. O Sinpro repudia atos de lesbofobia/homofobia e luta pelo fim de casos de violência como os que têm acontecido na UnB. No início do semestre o centro acadêmico de direito foi pichado com frases agressivas, sem contar casos de ameaças veladas sofridas pelos estudantes diariamente e os casos de estupro no campus.
A sociedade, a população e os estudantes têm se solidarizado com ações contra a intolerância, e fazem coro juntamente com a comunidade acadêmica para exigir uma política de educação na universidade de combate à lesbofobia, homofobia, transfobia, além de punir e coibir trotes com atos violentos e opressores dentro dos campus. Na última sexta-feira (22) mais de 300 estudantes se reuniram no Ceubinho para discutir os casos de opressão da universidade. Na reunião foi encaminhada uma carta com 24 reivindicações dos estudantes à reitoria da UnB.
A universidade é um local de repensar e refletir uma nova sociedade, onde se tem em seu pilar a quebra de preconceitos e combate a qualquer tipo de opressão e violência. Chega de violência contra homossexuais, lésbicas, transexuais, travestis, mulheres e negros.

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

Sem teto deixam ocupação no centro de SP com atendimento habitacional

Ajuda de R$ 900 e a inclusão no auxílio-aluguel foram negociados com a prefeitura. Amanhã, prédio no Jardim Apurá, na zona sul, pode ser reintegrado
Publicado em 21/02/2013, 19:59
Última atualização às 19:59
Sem teto deixam ocupação no centro de SP com atendimento habitacional
Duzentas e cinquenta famílias moravam no prédio. Cadastro para recebimento de benefícios começa amanhã (Foto: Antonio Miotto)
São Paulo – Cerca de 250 famílias deixaram hoje (21) o prédio que ocupavam desde novembro na rua 7 de abril, no centro de São Paulo. A reintegração de posse estava marcada desde a semana passada, mas as famílias não tinham sequer indicativo de que receberiam atendimento habitacional. Apenas depois de ameaçarem acampar na sede Secretaria Municipal de Habitação (Sehab) e de uma reunião na noite de ontem com o secretário da pasta, José Floriano Neto, as lideranças conseguiram garantir atendimento emergencial de R$ 900 e a promessa de inclusão no auxílio-aluguel. O cadastro para recebimento dos benefícios será feito a partir de amanhã na sede da Sehab, no centro.
“Não queriam atender. Disseram que a verba estava congelada. Aí o José Floriano ligou para o Donato (Antonio, secretário de governo), que ligou para o prefeito (Fernando Haddad), que autorizou a negociação”, relatou o advogado da Central dos Movimentos Sociais, Benedito Barbosa. “Foi um baita processo de negociação”, desabafou o advogado.
Policiais do 7º batalhão chegaram por volta das 9h ao edifício de 10 andares e aguardaram pacificamente até as 14h, horário em que os sem teto receberam a confirmação das promessas feitas na reunião de ontem. “Nós pedimos para os policiais esperarem e eles aceitaram. Acho que esse comportamento já é fruto da conversa com a Secretaria de Segurança Pública”, acredita Barbosa.
Na semana passada, Barbosa e representantes de outros movimentos sociais reuniram-se com o assessor especial da Secretaria de Segurança Pública, Eduardo Dias, que se comprometeu a articular um encontro entre movimentos sociais e os comandos da Polícia Militar e da Guarda Civil Metropolitana para evitar abusos em operações de desocupações.

Reintegração de posse

Também na tarde hoje, policiais e um oficial de Justiça estiveram em outra ocupação na rua Antônio Gomes Ferreira, na Vila Apurá, na zona sul, para executar a reintegração de posse. A ordem só não foi cumprida porque os caminhões levados para transportar os objetos dos sem teto eram insuficientes. No prédio vivem 1.200 famílias. A reintegração foi remarcada para amanhã. “Estamos tentando recorrer junto a instancias da prefeitura para ver se a gente consegue mais tempo”, disse Osmar Borges, coordenador da Frente de Luta por Moradia, movimento que organiza a ocupação.
Apenas na região central da cidade 20 imóveis públicos e privados estão ocupados por sem teto, vários deles têm processos de reintegração em trâmite na Justiça e o despejo pode ser feito a qualquer momento.

Guarani Kaiowá retomam fazenda onde jovem indígena foi assassinado


Denilson Quevedo Barbosa, de 15 anos, foi encontrado com três tiros na cabeça numa fazenda vizinha à aldeia Tey’ikue; cerca de 1.500 indígenas ocupam a área
Por José Francisco Neto, do Brasil de Fato
Jovem indígena foi encontrado com três tiros na cabeça em fazenda vizinha a aldeia (Foto: Reprodução/Cimi)
Indígenas Guarani Kaiowá não param de chegar à fazenda Sardinha, no município de Caarapó (MS). Cerca de 1.500 pessoas ocupam, desde a tarde desta segunda-feira (18), o local onde ocorreu o assassinato do jovem Denilson Quevedo Barbosa, de 15 anos, morador da aldeia Tey’ikue. O garoto, que tinha saído para pescar junto com mais dois amigos, foi encontrado no domingo (17) com três tiros na cabeça na fazenda.
Segundo relato dos sobreviventes, ao se aproximarem de um criadouro de peixes – cuja nascente fica dentro da terra indígena – os jovens foram abordados por três pistoleiros. Eles identificam os três indivíduos como ‘funcionários’ de Orlandino Carneiro Gonçalves, arrendatário da fazenda, e que o crime foi cometido pelo filho do fazendeiro e seus jagunços.
Ainda de acordo com as testemunhas, os indígenas correram dos homens armados, mas Denilson acabou apreendido pelos pistoleiros e assassinado. Além do tiro confirmado pela perícia criminal da Polícia Civil de Caarapó, o jovem Kaiowá levou mais um tiro na cabeça e outro no pescoço. Apesar de ter iniciado as investigações, a força de segurança não quis dar mais detalhes sobre o caso.
Para denunciar a ação violenta, os indígenas passaram a madrugada na fazenda onde o menino foi assassinado. Porém, o clima foi de tensão. “Houve muitos tiros. A gente esperou a Força Nacional, a Polícia Federal (PF), mas não chegou ninguém até agora. Os pistoleiros cercaram a fazenda”, relata ao Brasil de Fato Valdelice Verón, liderança indígena e filha do cacique Marcos Verón, assassinado em janeiro de 2003.
Causas e consequências
Desde a criação do território indígena pelo Serviço de Proteção ao Índio (SPI), em 1924, os indígenas precisam pescar fora da área reservada, onde só há nascentes de córregos e não há peixes, sofrendo pressões e ataques de fazendeiros.
As reservas são áreas de confinamento – e depois da Constituição de 1988 uma categoria de terra indígena – criado pelo SPI durante o processo de espoliação dos Guarani e Kaiowá em decorrência da colonização do então Estado do Mato Grosso.
O confinamento é apontado por especialistas como uma das principais causas dos suicídios e, consequentemente, da luta pela terra de ocupação tradicional travada pelos indígenas desde o início da segunda metade do século XX.
Em nove anos foram assassinadas mais de 273 lideranças Guarani Kaiowá. Somente em janeiro de 2013, a aldeia Taquara, que fica próxima ao local do assassinato de Decilson, teve dois incêndios suspeitos; o Cacique Ladio Verón, da mesma aldeia, foi ameaçado de morte; e o Cacique Valdemir Salina, da Aldeia Remanso Gwasu, foi ferido por um disparo de bala.
Com informações do Cimi (Conselho Indigenista Missionário).

Evaldo Lima quer discutir o racismo no futebol


Por: Portal Vermelho
21/02/2013
Em pronunciamento na manhã desta terça-feira, 19, o vereador Evaldo Lima (PCdoB) informou que vai realizar uma audiência pública para debater o racismo no futebol. O parlamentar, líder do Executivo na Casa, ressaltou a importância dessa discussão baseado em diversas manifestações já ocorridas no país e em outros continentes.

“O país vai sediar a Copa de 2014, e já nesse ano, vai sediar a Copa das Confederações. É importante debatermos esse assunto. Será fundamental que desenvolvamos uma campanha de respeito, tolerância e respeito”, afirmou Evaldo.

O vereador informou que essa iniciativa partiu quando soube da intenção da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial e do Ministério do Esporte em lançar uma campanha nos estádios brasileiros contra a discriminação racial. A campanha deve ser sócio-educativa e deve acontecer em todo o país.

Evaldo finalizou o discurso afirmando que espera uma grande punição para àqueles que cometem racismo e que as leis sejam cumpridas.

Fonte: PORTAL VERMELHO

Barra Mansa promove encontro para debater doenças da população negra


Por: Folha do Interior
22/02/2013
Evento reuniu representantes da sociedade civil organizada e das secretarias de Saúde Educação

A secretaria de Saúde de Barra Mansa, em parceria com o vereador Elias Silva de Andrade, o Lia Preto, promoveu na manhã desta quarta-feira, dia 20, um encontro para debater as doenças específicas da população negra. O evento aconteceu no auditório do Parque de Saudade e reuniu representantes de movimentos negros e do Centro Universitário de Barra Mansa (UBM), além de profissionais das secretarias municipais de Educação e Saúde.

“O Ministério da Saúde instituiu, em 2009, por meio de uma portaria, a Política Nacional de Saúde Integral da População Negra. Segundo este documento, todos os municípios brasileiros devem elaborar e implantar políticas públicas de saúde específicas para esse grupo populacional. Com a promoção deste encontro, Barra Mansa está dando os primeiros passos para ter seu programa”, explicou Ana Lúcia Naves, coordenadora de Atenção em Saúde.

Dentre as doenças que atingem a população negra com maior incidência estão a anemia falciforme,o glaucoma, a hipertensão arterial e o diabetes. “Muitos negros desconhecem a suscetibilidade da nossa raça para essas doenças. Por isso, é importante que haja disseminação de informações sobre o assunto, inclusive entre os profissionais da Saúde”, comentou Lia Preto,ressaltando que já apresentou projeto de lei na Câmara Municipal para a criação da Semana de Conscientização sobre a Anemia Falciforme. “Este evento prevê a realização de palestras nas escolas da rede municipal, abordando a doença, causas, sintomas, diagnóstico e tratamento”, explicou.

Para o diretor da OICN (Organização e Integração de Conscientização Negra) de Barra Mansa,José Francisco de Paula, a implementação de uma política de saúde específica para a negritude terá reflexos na educação e na vida profissional dos negros.“Tendo conhecimento sobre a doença e recebendo o tratamento adequado, os pacientes com certeza terão uma qualidade de vida melhor, além de evitar a discriminação”, pontuou José Francisco.

No final do encontro, ficou definido que na primeira quinzena de abril será promovido o primeiro fórum municipal de políticas públicas de saúde para a população negra.“Essa é uma questão de equidade social e o prefeito Jonas Marins já se comprometeu em implantar um programa municipal que contemple a prevenção, o tratamento e a difusão de informações sobre as doenças da população negra”,finalizou Ana Lúcia.

Fonte: FOLHA DO INTERIOR

terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

Eu só peço a Deus

"Enquanto eles capitalizam a realidade eu socializo meus sonhos."
Ségio Vaz.

1º médico indígena da UnB diz que se sentia 'estranho' entre intelectuais


Atikum deixou filho e emprego em Pernambuco para realizar sonho.
Ele diz que 'sempre sobrava' em trabalhos e provas feitos em grupo.

Raquel Morais Do G1 DF
7 comentários
O mês de fevereiro começou especial para uma aldeia do sertão de Pernambuco, a pouco mais de 400 quilômetros de Recife. Sete anos após deixar a família e a rotina que levava como professor, o atikum Josinaldo da Silva, de 35 anos, se tornou o primeiro indígena formado em medicina pela Universidade de Brasília (UnB). O diploma era um sonho antigo do nordestino.

"Em 2001 eu comecei a trabalhar como agente de saúde. Eu via o meu sofrimento, o sofrimento do meu povo, e pensava que poderia fazer muito mais. Só que eu não tinha condições de pagar o curso. Então pensei: faço matemática, aí uso o salário de contador para pagar um curso de direito e depois uso o salário de advogado para pagar medicina", explica.

A oportunidade, para a alegria de Silva, chegou bem antes. Cursando o terceiro ano de matemática, ele se inscreveu para uma das duas vagas oferecidas em medicina no vestibular indígena da UnB. A prova tinha 100 questões e foi realizada por cerca de 400 pessoas.
"Eram 50 perguntas de matemática e 50 de português. Na época eu fazia o curso e ainda dava aula particular, então acho que isso me ajudou bastante, me colocou em vantagem. Não fui o primeiro colocado, mas entrei. O importante é que deixei 199 para trás, não é?", brinca.
Segundo o indígena, a vinda para o Distrito Federal não foi fácil. Silva abriu mão de acompanhar as primeiras descobertas do filho, que na época tinha nove meses, e da vaga conquistada como professor em um concurso público. Para subsidiar os gastos dele na cidade, a Funai dava uma bolsa de R$ 900 - nem metade do que ele ganharia se começasse no novo emprego.
Do sertão de Pernambuco, indígena é o primeiro a se formar em medicina na Universidade de Brasília (UnB) (Foto: Raquel Morais/G1)Do sertão de Pernambuco, Josinaldo da Silva é o primeiro indígena a se formar em medicina na Universidade de Brasília (UnB) (Foto: Raquel Morais/G1)
Outros fatores que pesavam para o indígena eram a distância dos costumes da tribo e o preconceito. “É como se você tivesse algo alimentando sua alma e de repente isso parasse. Você tinha um laço, tinha um vínculo com a comunidade, com o seu povo. Com 15 dias, tinha pessoas quase em depressão. A gente sofreu muito, também por falta de aceitação. O colega que entrou no curso comigo não aguentou e acabou se suicidando.”
Em sala de aula, nem sempre a situação ficava melhor. Silva conta que alguns colegas o procuravam e se dispunham a ajudá-lo caso ele tivesse alguma dificuldade com as disciplinas. Ainda assim, ele nunca tinha com quem fazer trabalhos de grupo ou provas em dupla.
"Eu me sentia como elemento estranho que estava no meio dos intelectuais, talvez até num local indevido", lembra. "Eu não conhecia ninguém, fora que tinha pouca noção do curso. A sociedade se diz incluente, mas continua excludente. É um caso raro um índio entrar na universidade e conseguir chegar ao final com êxito. Tem turmas que não nos incorporam mesmo. Teve até caso de colega em outras instituições sendo barrado por colega no Enade com o argumento de que iam diminuir a nota da turma."
Eu me sentia como elemento estranho que estava no meio dos intelectuais, talvez até num local indevido"
Josinaldo da Silva, primeiro indígena formado em medicina pela Universidade de Brasília
Com a graduação concluída, Silva espera atualmente pelo resultado da prova de residência em Saúde da Família, feita no Hospital Regional de Planaltina. O indígena também deve começar a trabalhar em uma unidade de saúde no interior de Goiás. Depois de concluir o curso, ele volta para a aldeia.
"Volto para prestar serviço ao meu povo, que me indicou para vir para cá. Sabe, algumas vezes eu tive muito medo de que não desse certo e pensei em desistir, especialmente quando me sentia bastante sozinho. Mas eu acreditei que tudo que eu estava sacrificando valeria a pena, porque acho que vou poder contribuir bastante para a minha aldeia."
O diretor da Faculdade de Medicina da UnB, Paulo Cesar de Jesus, diz que a instituição prestou todo suporte possível ao indígena, especialmente nos primeiros semestres do curso, quando ele chegou a reprovar em algumas disciplinas. O professor afirma que a conquista de Silva é motivo de comemoração para toda a comunidade acadêmica.
"A gente fica muito satisfeito porque isso faz parte de um complemento de uma dívida histórica com a comunidade indígena. Um dos papéis da universidade pública é fazer a inclusão social. Agora, fica a expectativa de que ele realmente volte para a comunidade dele e a ajude, já que ele, melhor que qualquer um, conhece as tradições e a cultura do povo dele."
Atualmente a UnB tem 53 estudantes indígenas. De acordo com a universidade, 90 alunos ingressaram na instituição por meio de um convênio firmado com a Fundação Nacional do Índio (Funai) em 2004.
Convênio
Atualmente o vestibular indígena oferece dez vagas por semestre nos cursos de agronomia, ciências biológicas (licenciatura/bacharelado), medicina, ciências sociais, engenharia florestal, nutrição e enfermagem. As provas acontecem em cidades do Acre, Amapá, Amazonas e Roraima.
"Olhar a lista das cidades onde acontecem a seleção foi um fator essencial para eu decidir prestar UnB", diz Silva. "A gente não precisa se deslocar por grandes distâncias e gastar muito sem saber se vai dar certo, é a universidade que vem para onde a gente está."

Para ajudar na adaptação dos estudantes, a UnB oferece aulas de biologia, química, física, matemática e língua portuguesa. Diretor da Faculdade de Medicina, Paulo César de Jesus diz que a medida foi adotada diante da dificuldade que os indígenas tinham em áreas básicas.

"Alguns reprovaram nas disciplinas iniciais muitas vezes, então o decanato e as faculdades fizeram cursos de nivelamento. Também havia monitores para os acompanhar e ajudar a fazer trabalhos, além de acompanhamento direto, no caso da medicina, da coordenadora e da pedagoga do curso", afirma.

Paralelamente, a Funai dá uma bolsa aos índigenas para que eles possam arcar com os custos de hospedagem, alimentação, transporte e apoio escolar. Segundo o órgão, ano passado foram investidos R$ 429.235,96 mensais para 1.069 indígenas.

A Funai também mantém parcerias semelhantes com as universidades federais de Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso, Pará, Paraná, Roraima, Santa Catarina, São Carlos e da Grande Dourados. Também há acordos com as estaduais de Feira de Santana, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, com os institutos federais do Espírito Santo e de Minas Gerais, além da PUC de São Paulo, Universidade Católica Dom Bosco, Anhanguera, Centro Universitário da Grande Dourados e Universidade do Oeste de Santa Catarina.

De acordo com a instituição, o primeiro convênio foi firmado em 2000, com a Universidade do Estado de Mato Grosso (Unemat), para oferecer licenciatura intercultural para os povos indígenas. Já o mais recente foi estabelecido com o Instituto Federal do Espírito Santo no ano passado.
Indígena mostra no mapa onde está situada a tribo dele, no estado de Pernambuco (Foto: Raquel Morais/G1)Indígena mostra no mapa onde está situada a tribo dele, no
estado de Pernambuco (Foto: Raquel Morais/G1)
Atikuns
Um levantamento feito pela Secretaria Especial de Saúde Indígena, subordinada ao Ministério da Saúde, apontou a existência de 7.924 membros da tribo. A aldeia fica na Serra do Umã, no sertão pernambucano, e tem um raio de aproximadamente 20 quilômetros. A base da economia dos indígenas é a agricultura. Eles moram em casas de alvenaria e falam português.

“A nossa língua se perdeu há cerca de 150 anos. Acho que tem só umas 50 expressões ainda mais conhecidas”, explica Silva. “Por exemplo: sarapó, que é cobra grande e comestível, jiboia.”

Inicialmente nômades, os atikuns já passaram por Alagoas, Ceará, Sergipe e vários pontos de Pernambuco até chegar à serra. A vida no local, de acordo com o indígena, é “bastante dificultosa”.

“Chove apenas três meses do ano, quando chove. É bastante difícil”, diz. “Você mora na aldeia, mas a aldeia não tem tudo. Você precisa ir à cidade para comprar, vender ou trocar coisas que você não consegue produzir.”


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Justiça Federal condena homens que incitavam violência na internet


Os dois condenados estavam presos desde 2012 pelos crimes inafiançáveis.
Eles foram presos em Curitiba pela 'Operação Intolerância' por manter site.

Fernando Castro Do G1 PR
4 comentários
A Justiça Federal do Paraná condenou dois homens apontados como responsáveis por alimentar um site com mensagens que incitavam a violência contra negros, homossexuais, mulheres, nordestinos e judeus. A decisão do juiz federal substituto Tiago do Carmo Martins condenou um deles a seis anos e seis meses, e o outro a seis anos e sete meses, ambos em regime semiaberto. A decisão é de primeiro grau, portanto, cabe recurso.
Os dois homens foram presos em março de 2012 em Curitiba, na chamada “Operação Intolerância”. Um deles foi preso em casa, e o outro, residente em Brasília, foi preso em um hotel da capital paranaense. A prisão preventiva não previa fiança e ambos permaneceram detidos até o julgamento, que ocorreu no dia 7 de fevereiro de 2013. O processo corria em sigilo judicial, mas o conteúdo da sentença foi publicado na internet no mesmo dia em que a mesma foi proferida. O G1 consultou a Justiça Federal no Paraná, que confirmou as condenações.
Além das mensagens preconceituosas, ambos ainda incentivavam o abuso sexual de menores e postaram mensagens de apoio a Wellington Menezes de Oliveira, que em 2011 matou 12 crianças em uma escola de Realengo, no Rio de Janeiro. Um dos condenados, inclusive, já havia sido condenado definitivamente pela prática de racismo na internet. A condenação inicial foi em 2009, mas só transitou em julgado em dezembro de 2012 no Superior Tribunal de Justiça (STJ).
Sentença
Martins considerou improcedentes os pedidos das defesas que tentaram tirar da Justiça Federal a prerrogativa da decisão, e de anular as provas materiais. Além da pena de reclusão, ambos foram condenados a pagar dias-multa, de 106 e 192 dias, no valor vigente de 1/30 do salário mínimo, bem como as custas processuais. Os valores devem ser atualizados após o trânsito em julgado, quando também serão destinados os bens e objetos apreendidos dos dois.
As penas aplicada ao dois diz respeito especificamente à prática de racismo em meios de comunicação (contra raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional) e disseminação na internet de conteúdo pedófilo.
Recorde de denúncias
De acordo com a Polícia Federal, o site mantido pela dupla registrou um recorde de pedidos de providência a respeito de conteúdo criminoso. Foram 69.729 pedidos de providências a respeito do conteúdo, o que motivou o pedido de mandado de prisão até o julgamento.
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Carta a Silas Malafaia: Pastor, me ajude!


Postado em: 7 fev 2013 às 19:46

Silas Malafaia recorreu a arcaísmos do velho testamento para ‘fundamentar’ sua repulsa aos homossexuais. Mas conseguiria o pastor responder simples questionamentos baseados nos mesmos preceitos retrógrados?

Carta para Silas Malafaia. (Por Jordan Campos)
Prezado Silas Malafaia, notei que és um profundo conhecedor da bíblia e aplica as leis encontradas nela de forma justa e ao pé da letra. Não quero queimar no inferno, quero salvar minha alma, você poderia me ajudar então a ser um filho querido de Deus, sem pecados e tirar as minhas dúvidas abaixo?
pastor silas malafaia bíblia
Pastor Silas Malafaia (Foto: Reprodução)
O senhor disse, ao defender que os homossexuais queimarão no inferno com base na passagem do antigo testamento a seguir: (Levítico 20:13) “Se um homem usar com outro homem, como se fosse mulher, ambos cometeram uma torpeza abominável, serão punidos de morte e sua morte recairá sobre eles”.
Eu sou heterossexual, e muito bem casado, estou livre desta parte, mas me preocupei com outras e com algumas obrigações contidas no mesmo Levíticos. Por favor, me ajude a esclarecer, senhor Silas, com sua habilidade e como psicólogo que é:
1. Quando eu queimo um touro no altar como sacrifício, eu sei que isso cria um odor agradável para o Senhor (Levítico 1:9). O problema são os meus vizinhos. Eles reclamam que o odor não é agradável para eles. Devo matá-los por heresia como a bíblia recomenda a punição?
Leia também
2. Eu gostaria de vender minha filha como escrava, como é permitido em Êxodo 21:7. Na época atual, qual você acha que seria um preço justo por ela?
3. Eu sei que não é permitido ter contato com uma mulher enquanto ela está em seu período de impureza menstrual (Levítico 15:19-24). O problema é: como eu digo isso á minha esposa ? Eu tenho receio que ela se ofenda comigo.
4. Levíticos 25:44 afirma que eu posso possuir escravos, tanto homens quanto mulheres, se eles forem comprados de nações vizinhas. Posso comprar alguns escravos então da Argentina e não do Chile que não faz fronteira com o Brasil? Me explica isso?
5. Eu tenho um vizinho que insiste em trabalhar aos sábados. Êxodo 35:2 claramente afirma que ele deve ser morto. Eu sou moralmente obrigado a matá-lo eu mesmo ou contrato alguém para fazer a vontade de Deus?
6. Levíticos 21:20 afirma que eu não posso me aproximar do altar de Deus se eu tiver algum defeito na visão. Eu admito que uso óculos às vezes para ler. A minha visão tem mesmo que ser 100%, ou pode-se dar um jeitinho?
7. A maioria dos meus amigos homens apara a barba, inclusive o cabelo das têmporas, mesmo que isso seja expressamente proibido em Levíticos 19:27. Como eles devem morrer? Eu mato também? E o senhor faz a barba ou nasceu peladinho assim, bigode conta? me ajude!!
Espero urgentemente uma resposta Sr. Silas, e obrigado por me lembrar que a “palavra de Deus” é eternamente imutável e que as escrituras devem ser seguidas à risca sempre e à todo tempo.

Pablo virou Isabelle e agora luta para usar banheiro feminino


Postado em: 18 fev 2013 às 18:20

O preconceito contra transgêneros: Isabelle chegou a parar de estudar, mas retornou e, com força de vontade, percorre todos os dias 15 quilômetros de bicicleta até a escola

Vamos a uma daquelas histórias repetidas, que poderiam ser resolvidas sem traumas, mas por conta das convenções ganha um valor enorme na vida de algumas pessoas. Resumidamente, há um ano Pablo virou Nell Isabelle e agora quer ser tratada como tal.
Os pedidos são simples, ser chamada pelo nome de menina na escola e poder usar o banheiro feminino no colégio Joaquim Murtinho, em Campo Grande. Antes de tentar, pediu autorização, mas a resposta foi “não”.
homofobia brasil banheiro feminino
Nell Isabelle em foto do Facebook.
Disseram que eu poderia constranger alguém se usasse o banheiro feminino. Isso me foi dito pela Direção. Preciso de documentos mostrando que me chamo Isabelle para ser chamada de Isabelle e preciso que os documentos constem ‘feminino’ para usar o banheiro”, conta.
Na hora da chamada, apenas quatro professores utilizam o nome social de Nell. “Hoje, ao conversar com uma professora, ela concordou em me chamar pelo meu número”, conta considerando uma evolução. Isso significa que no momento de Nell Isabelle, a professora dirá apenas “26” e o rapaz que virou moça passou a ser um número.
Com as colegas, a situação é mais tranquila, pelo menos entre as meninas, ninguém parece incomodada, garante. “Começamos as aulas semana passada, hoje uma garota veio puxar assunto comigo no intervalo e me apresentar para mais duas outras garotas da nossa sala.”
No ano passado, aos 17 anos, já havia tentado estudar, mas era tão difícil aceitar ser chamada como homem que desistiu. “Até março do ano passado eu me vestia como menino e vivia isolado. Quando me assumi, desisti de estudar”.
Esse é o maior problema para quem resolveu ser transgênero, diz a presidente da Associação de Travestis de Mato Grosso do Sul, Chris Steffany. “Tem muita menina que desiste, deixa de estudar porque é muito constrangedor. Elas têm uma identidade que não é respeitada”, reclama.
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Não há uma lei específica sobre o uso do nome social ou do banheiro. Apenas uma Comunicação Interna foi expedida há alguns anos, orientando diretores a respeitarem as solicitações das travestis matriculadas. “Mas a secretaria nunca teve pulso firme para cobrar isso”, avalia Chris.
A presidente conta que, por meio da Associação, 20 pessoas de uma vez entraram com pedido judicial de mudança de nome na Carteira de Identidade, para evitar constrangimento. Mas mesmo quem não tomou essa atitude merece respeito, cobra Chris.
“Há uma lei estadual que impede qualquer constrangimento à travesti, sob pena de multa administrativa para funcionários públicos e até afastamento. Quem for constrangida, deve procurar o Ministério Público”, recomenda.

A transformação

Nell estuda mesmo porque é guerreira. Todos os dias percorre 15 quilômetros de bicicleta até a escola. Sai de casa, na Coophavilla 2, às 5h30 para chegar cedinho e trocar a roupa no banheiro feminino, sem reclamações da diretoria.
Esquecer Pablo para assumir Nell demorou um tempo. “Eu tinha sandálias, há 1 ano e meio utilizava somente calcinha, havia abolido as cuecas de minha vida. Desde o dia 9 de janeiro de 2012 estava fazendo uso de hormônios”.
Três meses depois resolveu falar sobre sua decisão aos avós, com quem morava junto do pai. “Então me assumi numa noite de sexta-feira para meus avós. Eles disseram que me amavam e que nada ia mudar. Pensei ter recebido certa aprovação, falsa aprovação. Meu pai já sabia parcialmente da situação e provavelmente meus avós intimaram ele a se mudar. Tínhamos casa própria, mas estava alugada. Da noite pro dia, cheguei em casa e meu pai disse que iríamos para nossa casa. Nos expulsaram por minha condição”, lamenta.
O “batismo” como Isabelle é uma adaptação a Isabella, diz Nell. “Nome que minha mãe me daria se eu fosse menina. Detalhe: ela não demonstra aceitar a situação. Meu pai me trata no masculino, mesmo eu sendo uma ‘garota’, mas ele me respeita…quando todos disseram não, ele me acolheu para que eu não fosse pras ruas…”.
Na sexta-feira passada, Nell foi ao Fórum buscar informações sobre os procedimentos em relação à postura da escola Joaquim Murtinho. “Mas fui informada que tenho de procurar a Defensoria Pública que só funciona de segunda a quinta.”
Hoje, escreveu uma solicitação em tom formal que espera entrar à diretoria da escola, pedindo oficialmente o uso do nome social e do banheiro feminino. “Quando pararem de olhar a vida dos outros, se darão conta de seus problemas”, resume Nell.
Na escola estadual Joaquim Murtinho, o diretor não foi encontrado para falar sobre o assunto.
Campo Grande News